UM TOQUE DE MULHER


“Atrás de um grande homem há sempre uma grande mulher” diz-se, com enorme veracidade, mas sabia que atrás de um grande automóvel também há uma mulher de dimensão proporcional a algumas das invenções que lhes são, directa ou indirectamente, aplicadas? 

É verdade! Não sendo uma verdadeira surpresa, pois as ideias pertencem a quem as tem – independentemente do sexo, da cor ou da forra do berço – as mulheres também têm algo a dizer no que se refere ao mundo das rodas, tendo estado na vanguarda de algumas das soluções que hoje aceitamos como dado adquirido e que usamos no nosso dia-a-dia sem pensar muito sobre a sua origem.




Aproveitando as festividades inerentes ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no passado dia 8 de Março, a Ford foi ao baú e desenvolveu no Facebook uma bem sucedida acção de marketing assente nessas invenções/ideias, aproveitando para relembrá-las ao mundo. Curiosamente, algumas são do tempo em que o fundador desta marca automóvel – Henry Ford – começou a colocar o mundo sobre rodas, recorrendo a mão-de-obra feminina nas suas fábricas e pagando-lhes o mesmo que aos operários homens da altura! Imagine-se o desplante numa época em que se dizia que o lugar das mulheres era em casa, a tomar conta dos filhos! 

E quais são elas? O ‘pisca-pisca’ é um ‘pequeno nada’ que tantos se esquecem de usar quando mudam de direcção; o bendito do limpa pára-brisas é outro; e o aviso de travagem – ou um primeiro protótipo do que hoje consideramos como luz traseira de travagem – foi mais uma das ideias mirabolantes da altura em que se aplicou pela primeira vez.

Imagens: Ford
Mas, como – também diz o velho ditado – “as regras existem para serem quebradas”, houve uma mão cheia de elementos do alegado sexo fraco que se puseram em campo e trouxeram-nos aquelas pequenas maravilhas: Mary Anderson idealizou o ‘pisca’ e o aviso de travagem, enquanto Florence Lawrence achou que um limpa-vidros era algo que os automóveis precisavam, para que os condutores se vissem livres da neve acumulada. Depois disso outras fizeram estreias estrondosas na indústria ou nas acções com elas relacionadas, como Wilma K. Russel, que foi a primeira mulher taxista na cidade de Nova Iorque, ou Alice H. Ramsey que formou o primeiro clube automóvel feminino. Ou ainda Clara Bryant Ford, mulher de Henry Ford e clara defensora das ideias do marido, para o desenvolvimento do que hoje temos como automóvel. 

De acordo com a publicação norte-americana “Women´s Bureau Bulletin” de 1923, os registos da altura mostravam um total de 345 invenções em nomes de mulheres na área de transportes, cerca de metade relacionadas com automóveis e cerca de 10% com sinalização de trânsito e indicadores de mudança de direcção. Entre outros exemplos viam-se um carburador, um mecanismo de embraiagem e um motor de arranque eléctrico. 

Desde então até aos dias de hoje, a influência das mulheres na sociedade cresceu desmesuradamente, passando a ocupar por mérito próprio lugares de destaque na história do automóvel. Como designers, mecânicas, engenheiras, gestoras, empresárias e também na competição mas, muito em especial, como grandes condutoras. Certo? 

Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve! 

José Pinheiro 

Notas: 1) As opiniões acima expressas são minhas, decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes. Os restantes membros deste ‘blog’ não têm obrigatoriedade de partilhar dos mesmos pontos de vista; 2) Direitos reservados das entidades respectivas aos ‘links’ e imagens utilizados neste texto, conforme expresso.

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito nice! Gostei! AC