Expressão muito em voga desde a antiguidade, o célebre “vou ali e já volto” aplica-se em variadas situações. As mais comuns são as daqueles/as que saem para comprar tabaco ou o jornal e, por razões que a razão (des)conhece, nunca mais regressam, enquanto outros se prestam a uma viagem que começa num determinado fuso horário e termina com uma necessidade de adaptação dos sonos, fruto do chamado ‘jetlag’.
Na pré-história eram comuns as longas jornadas em busca de comida, de terra, de trabalho ou os êxodos para fugir ao frio e calor extremos das respectivas estações, recorrendo-se a soluções mais ou menos sólidas desde que se inventou a roda no Período Neolítico. Autênticos Flinstones dos tempos antigos, aqueles atravessavam meio mundo para sobreviver.
Fotos: Citroën, Land Rover, Mazda, Wikipedia e outras
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Mas temos que ‘viajar’ até finais do século XIX para encontrar o primeiro registo oficial de uma jornada intercontinental sobre rodas, aquando da finalização dos 9.289 km da linha ferroviária transiberiana. Abrange oito fusos horários, ligando a Rússia Europeia às províncias do extremo oriente russo, à Mongólia, China e Mar do Japão.
Já de automóvel o primeiro registo oficial remete-nos a 1908, quando cinco viaturas ligaram Pequim (China) e Paris (França), numa corrida de 15.000 km totalmente telegrafada – primórdios da internet – nas várias paragens do percurso entre pelos jornalistas que acompanhavam os valorosos condutores. Pelo ar o feito coube a dois pilotos britânicos – John Alcock e Arthur Whitten Brown – quando, em Junho de 1919, descolaram de St. John (Canadá), com um ex-bombardeiro Vickers Vimy da 1ª Guerra Mundial, entretanto transformado, atravessando o Atlântico até Clifden (Irlanda), em 72 horas naquela que é considerada a primeira viagem aérea verdadeiramente intercontinental.
Essa necessidade de demonstração de feitos de longa distância continuou até aos nossos dias, sendo reconhecidos exemplos as três Croisieres Citroën – Noire (em África, 1924/25), Jaune (na Ásia, 1931/32, recriando a célebre “Rota da Seda”, com 13.000 km entre Beirute e Pequim) e Blanche (na América do Norte, 1934) – idealizadas por André Citroën de cruzamento dos vários continentes, com veículos ‘estranhos’ e preparados para o efeito, numa época em que o desenvolvimento tecnológico na área automóvel ainda andava no Primeiro Ciclo, mas em que já se obtinham notas de “Muito Bom”!
Agora, em pleno Século XXI já se atingiu um patamar universitário, conseguindo-se levar viaturas idênticas às que compramos no nosso dia-a-dia, com um mínimo de preparação ou reforços, a cumprir viagens de várias dezenas de milhares de quilómetros sem percalços de maior. Exemplos são a viagem “Land Rover Experience – Silk Trail 2013” que ligou Inglaterra à Índia, organizada pela marca de origem britânica para promoção do novo modelo Range Rover Hybrid, ou a jornada “Mazda Route3 / Hiroshima - Frankfurt Challenger Tour” que ligou o Japão e a Alemanha que serviu de palco ao pré-lançamento do novo Mazda3.
No caso da Land Rover, foram três os protótipos da nova variante híbrida modelo Range Rover, a ser lançada em breve, que, durante 53 dias e ao longo de quase 17.000 quilómetros, recriaram a “Rota da Seda”, ancestral via comercial terrestre que ligava o Mediterrâneo à China. Os aventureiros saíram de Sohihull (Reino Unido), sede europeia da Land Rover, chegando quase dois meses depois a Bombaim (Índia), depois de atravessarem 13 países da Europa e Ásia, incluindo parte da China e do Nepal. Aqui fica um pequeno resumo:
Já a Mazda ligou Hiroshima (Japão) a Frankfurt (Alemanha) com os novos Mazda3, percorrendo 15.000 km, iniciando a aventura com transporte por barco das unidades desde o Japão até Vladivostok, no extremo oriente russo, atravessaram depois dois continentes, percorrendo a fronteira que divide a Ásia da Europa, visitando pontos de interesse como o Lago Baikal, as Montanhas Altai e as Cavernas de Gelo de Kungur, atravessando nove fusos horários e cerca de 30 cidades. Assista aqui a uma selecção de imagens:
Em comum, estas duas aventuras transcontinentais ofereceram aos participantes paisagens deslumbrantes e uma oportunidade única de passar por locais inóspitos e históricos, muitos deles impossíveis de visitar ‘a solo’, locais com características substancialmente diferentes dos trajectos do seu dia-a-dia. Suportaram variações de temperaturas extremas, bem como as adversidades do terreno com asfaltos de péssima qualidade e caminhos de montanha, com autênticas crateras e pedras do tamanho de bolas de futebol, veículos pesados tombados, enormes manadas de animais, travessia de rios e lagos, zonas fronteiriças bem ‘quentes’ e furos, muitos furos!
Caso tenha curiosidade e pretenda saber mais detalhes destas grandes aventuras clique em Land Rover - Silk Trail 2013 e em Mazda Route3. Quanto a mim, vou ali e já volto!
Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas: 1) As opiniões acima expressas são minhas, decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes. Os restantes membros deste ‘blog’ não têm obrigatoriedade de partilhar dos mesmos pontos de vista; 2) Direitos reservados das entidades respectivas aos ‘links’ e imagens utilizados neste texto, conforme expresso.
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