O treino da flexibilidade é tão importante como o treino cardiovascular ou resistência muscular. Qualquer movimento inerente ao corpo humano implica que esta capacidade se expresse. A performance desportiva e qualidade de vida dependem, em grande parte, desta capacidade. Contudo, continua a ser a mais negligenciada.
Existem vários fatores que estão diretamente relacionados com baixos níveis de flexibilidade, tais como a idade, género, genética e biologia individual, massa muscular, temperatura ambiente baixa bem como a hora do dia.
É comum, nesta área, encontrar algumas pessoas assemelhem e associem conceitos. Neste caso, flexibilidade e alongamento.
No entanto, é importante perceber que flexibilidade e alongamento são conceitos distintos. Relativamente à flexibilidade, é a capacidade de determinada articulação, ou um conjunto de articulações, se mover na sua completa amplitude de movimento. Alongamento é o tipo de exercício que estira os músculos tendo influencia sobre a flexibilidade.
Nos tempos que correm, muito se diz sobre os benefícios dos alongamentos em determinados períodos. (In)felizmente, muitos dos conselhos e teorias a que estamos habituados a ouvir já há muito que não passam verdadeiros mitos.
Os exercícios de alongamento sempre foram conhecidos pelos seus benefícios relaxantes e pela capacidade de preparar o corpo para o esforço. Todavia, o alongamento utilizado para "aquecer" é mito! O alongamento reduz a capacidade contráctil dos músculos, fazendo com que estes produzam menos força durante o treino. A capacidade de produzir força chega a ser reduzida entre 25 a 30%.
É usual observar pessoas que defendem os exercícios de alongamento antes dos treinos de musculação como meio de prevenção de lesões. Mito! Estudos comprovam que o alongamento reduz a potência muscular, fragilizando-os. Além disso, o estiramento flexibiliza demasiado as articulações quando estas deveriam estar estáveis para um treino de carga. Não obstante, promover exercícios de mobilidade em todos os segmentos corporais é benéfico para as estruturas envolvidas no treino.
Também há quem já tenha dito que alongar no final do final do treino faz diminuir dores musculares no dia seguinte. Mito! Tendo em conta que as dores musculares são causadas por “microrupturas”, realizar alongamentos intensos trará resultados exatamente opostos àquilo que realmente se espera. Em caso de treino de intensidade alta a nível muscular, o alongamento deverá ser leve e relaxante. Ao movimentar e alongar de forma controlada, permitirá um maior aporte sanguíneo aos tecidos musculares lesados. Como o sangue é o meio de transporte dos nutrientes, ao irrigar os músculos, estes recuperarão num menor espaço de tempo. Será importante referir que este processo não possui efeito milagroso sobre as dores musculares no dia seguinte.
Apesar de tudo, alongar e treinar flexibilidade comporta bastantes benefícios para as estruturas do corpo humano. É importante para a postura. Alongar permite que os músculos permaneçam no seu comprimento ideal, contribuindo positivamente para a saúde das articulações. Também permite desenvolver a flexibilidade. A componente genética influencia a flexibilidade (por exemplo, as mulheres serem mais flexíveis que os homens), o que não significa que tal capacidade não seja desenvolvida com treino específico. Da mesma forma que a força e resistência muscular se desenvolvem, também a flexibilidade se consegue melhorar.
Treinar flexibilidade exige empenho, dedicação e espírito de sacrifício. Alongar somente por 10 segundos não comportará qualquer tipo de benefício além do bem-estar momentâneo. Apesar de ser bastante desconfortável por levarmos o organismo ao limiar da dor, trará imensos benefícios. Existem técnicas que permitirão desenvolver esta capacidade bem como algumas questões posturais ou desequilíbrios musculares, nomeadamente o RPG e o PNF. Estas, normalmente, são auxiliadas por pessoas devidamente certificadas para o efeito como meio de promoção de saúde e não o contrário.
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