Amizades "Especiais"


A amizade pode ser considerada como A relação social por excelência, uma vez que ela é uma escolha pessoal e não uma imposição ou necessidade. As relações de amizade entre crianças constroem-se de forma ininterrupta, numa constante partilha de afetividade, aprendizagens e cooperação. Destas relações podem, assim, retirar-se benefícios mútuos para as crianças ‘especiais’ e as crianças ditas ‘normais’. 

Comecemos por explicitar que as crianças ‘especiais’ são aquelas que, por alguma diferença no seu desenvolvimento (motor, sensorial, linguagem, intelectual, emocional), necessitam de certas modificações ou adequações no programa educacional, de modo a dotá-las de uma maior autonomia e melhor capacitá-las para que possam alcançar todo o seu potencial de desenvolvimento. 

Na verdade, ao acreditarmos nas potencialidades destas crianças vêmo-las, muitas vezes, a superarem-se e a irem mais longe do que inicialmente poderíamos admitir. O nosso ponto de partida (enquanto pais, professores, terapeutas e, sobretudo, enquanto seres humanos) deverá, portanto, ser sempre proporcionar-lhes as oportunidades para que todas as suas capacidades se possam desenvolver. O ponto de chegada será, muitas vezes, imprevisível!

Todos nós temos sempre algo a aprender e a ensinar, independentemente das nossas habilidades, nível intelectual ou idade. Assim, através da inclusão e das relações de amizade que estabelecem com os pares, as crianças ‘especiais’ podem, entre muitas outras coisas:
  • desenvolver a linguagem, o pensamento, a socialização e a auto-estima; 
  • aprender a tomar iniciativas e a tornarem-se mais autónomas;
  • serem mais responsáveis; 
  • melhorar a capacidade de atenção e concentração em tarefas (através, por exemplo, do trabalho em grupo);
  • ficar melhor preparadas para a vida adulta numa sociedade diversificada, percebendo que são diferentes, mas não inferiores.
Por outro lado, à medida que interagem com crianças ‘especiais’, as demais crianças podem, por exemplo:
  • aprender a aceitar melhor a diferença, tornando-se menos preconceituosas; 
  • desenvolver a sua capacidade empática, a cooperação e a tolerância/flexibilidade;
  • aprender a lidar com as suas próprias dificuldades, encontrando estratégias e motivação para as superar;
  • tornar-se mais responsáveis em relação ao que as rodeia;
  • desenvolver a sua expressividade ao perceber que comunicar é muito mais do que simplesmente falar (é também usar gestos, trocar olhares ou respeitar silêncios) 
  • vir a revelar-se mais aptas para a vida adulta pois, precocemente, interiorizam que as pessoas, as famílias e os espaços sociais não são todos iguais e que as diferenças são enriquecedoras para o ser humano.
Cabe, então, ao adulto fomentar esta partilha de experiências afetivas, de respeito e solidariedade, para que as crianças (com ou sem necessidades especiais) possam crescer e tornarem-se, também elas, adultos mais preparados para a vida.

Foto: https://www.pinterest.com

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