Com este friozinho todo até dá vontade de fazer umas viagens à neve, certo? Num Inverno que teima em manter-se mais agreste do que tem sido hábito – os especialistas dizem que é o mais frio dos últimos tempos, com mais Alertas Amarelos consecutivos do que há memória – é algo que, de certeza, já pensou, faltando apenas definir o ‘tal’ fim-de-semana!
Fotos: Allianz, Seat |
Por cá as romarias à Serra da Estrela já se sucedem desde Dezembro, dando por bem empregue a viagem aqueles que conseguem chegar ao topo da dita, depois de se manterem bem dentro da estrada de alcatrão, por vezes gelada e/ou bordejada por neve mais ou menos fofa. O mesmo é válido para quem ainda tenha a carteira algo desafogada e consiga conduzir até à Sierra Nevada, aos Pirenéus ou mesmo aos Alpes, para uns quantos deslizes/tombos na neve, em família, entre amigos ou a solo como denominador comum.
Mas será que está devidamente preparado para essas viagens? Entre a ‘tonelada’ de coisas (des)necessárias que leva consigo será que as mesmas vão bem presas? E verifica sempre o estado e pressão dos pneus ou os níveis dos líquidos, nomeadamente o óleo do motor? Isto para além da capacidade de conduzir sobre neve e gelo, em situações como uma travagem de emergência ou súbita de perda de aderência, ajudando muito que tenha montadas correntes adequadas às dimensões dos pneus que, idealmente, deverão ser... de Inverno!
Uma das áreas quase sempre descurada pelos condutores é a da carga e o modo como está acondicionada, seja no interior – os objectos e animais soltos são sempre ‘armas de arremesso’ em caso de travagem – ou no exterior, dentro das malas de tejadilho. Sobre este tema, a seguradora Allianz fez um vídeo demonstrativo do que pode acontecer caso esquis, bastões, botas e outros conteúdos sejam arrumados de uma forma atabalhoada, comprovando os resultados desastrosos que dão cabo de umas merecidas miniférias. No Allianz Center for Technology montou-se uma dessas malas de tejadilho, metendo-se lá dentro material diverso, bastante abaixo dos 50 kg permitidos por lei mas sem qualquer preocupação com a sua fixação/arrumação. De seguida simulou-se uma colisão frontal, idêntica à que pode ocorrer em caso de travagem súbita ou brusca num piso em que facilmente uma viatura perde aderência, mesmo que apenas se circule a 50km/h! O resultado é este:
A Allianz alerta ainda para os próprios comportamentos dos condutores ao volante e o modo conduzem ou usam o acelerador e os travões, processos que deverão ser adaptados em função do estado do piso e da carga a bordo, seja na bagageira (estando esta mais pesada, a frente do carro terá menos aderência) ou no tejadilho, numa altura extra que poderá desequilibrar o veículo em curvas e em travagem.
Quem também deixa vários alertas para com a condução em pisos de gelo ou neve é a SEAT, construtor espanhol que deixa uma série de conselhos aos seus clientes e condutores em geral de como conduzir na neve.
Posto isto, num ‘misto’ da informação disponibilizada, partilho consigo algumas dicas para estas – bem como outras – viagens:
- No que se refere à carga que leva a bordo, confirme que a que está no porta-bagagens (deverão ser as coisas mais pesadas) está devidamente fixa. O mesmo para tudo o que segue na mala de tejadilho, que deverá estar bem fixa e ser adequada ao seu carro;
- Verifique o desgaste dos seus pneus, usando uma moeda de 1 euro. Introduza-a na ranhura. Se vir a coroa dourada que a circunda estará na altura de pensar em comprar pneus novos, estando fora de questão quaisquer viagens à neve;
- Caso possa, monte pneus de inverno. Têm na banda lateral um floco de neve e as letras “M+S” ou o símbolo de uma montanha; se tiver tudo isto tem os pneus ideais. Reveja a pressão depois de carregar a viatura: as pressões ideais com e sem carga estarão na chapa interior da porta ou no interior do tampão do combustível;
- Sempre que possível leve correntes para neve (dependerá do local a visitar e do tempo que lá ficar). Experimente-as antes de sair em viagem. Monte-as e desmonte-as as vezes até que esteja à vontade com o processo. E, principalmente, certifique-se que as são as certas para os pneus do seu carro;
- Encha o depósito do lava-vidros com líquido descongelante e leve um par de luvas e um raspador de gelo para vidro, mais uma pequena pá para pequenos desatascanços. Garanta que pelo menos um telemóvel tem carga em e que alguém que lhe seja próximo sabe para onde foi, em caso de emergência;
- Quando arrancar, faça-o em 2ª para evitar patinar as rodas e, de preferência, numa recta. Uma vez a andar, adapte a velocidade às condições da estrada, evitando o abuso do pedal do travão, sendo preferível usar a caixa de velocidades, reduzindo uma mudança sempre que necessário. Reduza a velocidade. É o mais simples conselho e, também o mais prático para uma condução em condições adversas;
- Nunca conduza sem ver a estrada. Limpe a neve/gelo acumuladas no vidro antes de arrancar (o mesmo é valido para o embaciamento ou a sujidade). Nunca o faça com as mãos, pois a gordura que delas sai piora a situação;
- Atente na sinalização. Caso neve e, depois, o frio se mantenha, os sinais de trânsito tendem a ‘esconder-se’, tal como as marcações nas estradas;
- Evite deixar o carro estacionado em zonas muito inclinadas, pois mesmo com uma mudança engatada, há sempre o risco de escorregamento da borracha sobre o gelo que se acumular na estrada, nomeadamente à noite, quando as temperaturas descem mais;
- Muito importante é ter a bordo um ‘kit’ de primeiros socorros, bem como um isqueiro e uma lanterna. Mapas em papel também dão jeito, caso as tecnologias falhem. Ah sim, e óculos escuros, pois o sol de Inverno pode ser tão desconcertante como o do Verão;
- Assegure-se que todos têm roupa quente e que há alimentos – snacks, bolachas, chocolates e bebidas (quentes) – e um cobertor a bordo, na eventualidade de um atascanço a meio da noite no meio de nenhures, em que a ajuda possa demorar um pouco mais a chegar. Mais importante ainda se tiver crianças consigo;
- Finalmente, garanta que todos têm o cinto de segurança colocado e que as crianças têm assentos/bancos elevatórios adequados às respectivas idades. Já eventuais animais deverão seguir dentro de caixas de transporte adequadas e não ao colo ou à solta!
Faça boa viagem e divirta-se na neve, no ski, ‘sku’ ou a fazer bonecos de neve e a tirar ‘selfies’! Se quiser, partilhe-as no nosso Facebook.
Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas: 1) As opiniões acima expressas são minhas, decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes. Os restantes membros deste ‘blog’ não têm obrigatoriedade de partilhar dos mesmos pontos de vista; 2) Direitos reservados das entidades respectivas aos ‘links’ e imagens utilizados neste texto, conforme expresso.
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