A Dupla Eléctrica Maravilha


A aliança dos franceses da Renault com os japoneses da Nissan – caso não saiba, eles formam um dos maiores grupos da indústria automóvel – tem dado os seus frutos em termos de veículos eléctricos (VE), permitindo-lhes afirmarem-se, em conjunto e nesta altura, como líderes mundiais absolutos em termos de mobilidade ZE (zero emissões).




É um domínio avassalador desta aliança franco-nipónica pois representa cerca de metade do total de vendas mundial de modelos propulsionados exclusivamente a electricidade. O feito foi comemorado no início de Junho quando venderam o seu 250.000º veículo eléctrico! Um marco histórico atingido apenas quatro anos e meio depois do lançamento do Nissan LEAF, o primeiro automóvel ZE vendido em grande escala, cujas vendas representam mais de 70% daquele volume total. 

A adesão do público em geral mas principalmente de empresas aos automóveis eléctricos é uma realidade em crescendo em vários países, fruto dos incentivos dados pelos respectivos governos. Algo que, infelizmente, não acontece tanto quanto isso cá pelo nosso burgo, apesar da “Fiscalidade Verde”, que de incentivos tem tido muito pouco. Menos mal que se regista uma gradual expansão das infra-estruturas de carregamento para quem tem estes modelos totalmente silenciosos, se bem que por vezes, por uma clara falta de educação de outros condutores, vêem esses espaços ocupados por automóveis que não são eléctricos. Vá-se lá saber porquê… se calhar porque não havia espaço um bocadinho mais à frente!


Igualmente líder incontestada do mercado nacional de VE – tem mais de 45% deste segmento – a Nissan vende o LEAF a partir dos 16.200 euros, mas também o furgão e-NV200, este a partir dos 15.970 euros, podendo, neste momento, o cliente usufruir de alguns milhares de euros em campanhas e incentivos. Segue-se, na sua peugada, a Renault que entre nós tem quase 20% desse segmento eléctrico, sendo líder no quadro da UE, com mais de um quarto desse mercado. Tem no catálogo o quadriciclo Twizy (a partir de 7.690 euros), o citadino ZOE (desde 21.525 euros) e o comercial Kangoo Z.E (a partir dos 20.300 euros), sendo também conhecida a apetência da marca francesa por fortes campanhas de incentivo e outros descontos. E há propostas em ambos os casos de negócio com o aluguer das baterias integrado ou à parte.


Voltando à Nissan, a hegemonia do LEAF como líder do nosso mercado esteve recentemente em destaque, numa concentração de VE no Parque das Nações (Lisboa). Um encontro de ruído zero e em total respeito pelo meio ambiente que definiu num novo recorde, o do maior desfile de veículos eléctricos da Península Ibérica. Contou com 117 VE, incluindo 71 automóveis, sendo que 41 deles eram da Nissan, incluindo uma unidade da Polícia de Segurança Pública.

Fotos: Nissan e Renault (oficiais)



Acrescente-se que a Aliança Renault-Nissan foi, recentemente, eleita Parceira Oficial da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP21), sendo a primeira vez que aquela organização irá utilizar uma frota de automóveis exclusivamente ZE. Este encontro sobre questões climatéricas decorrerá em Paris de 30 de Novembro a 11 de Dezembro próximos, envolvendo uma frota de 200 veículos para o transporte dos delegados. 

Voltando à tal Fiscalidade Verde, ainda assim, este ano e até final de Junho venderam-se 252 veículos integralmente eléctricos no nosso país, num mercado que, nesta altura, apresta-se a ultrapassar a fasquia de 117.000 novas matriculas de carros com as mais variados motores (gasolina, diesel, híbridos e plug-in). São já mais do que as 216 unidades vendidas ao longo de 2014 e bem mais do que os diminutos 18 VE matriculados em 2010, o primeiro ano de que há registos. Para além da Renault e da Nissan, apenas mais duas mãos quase cheias de marcas – BMW, Citroën, Ford, KIA, Mercedes-Benz, Mitsubishi, Peugeot, Smart e VW – têm registos de vendas de VE neste país à beira mar plantado. 

Há, por isso, ainda muito terreno a desbravar até que os portugueses se sintam efectivamente conquistados por este tipo de veículos silenciosos de Emissões Zero, com motores exclusivamente eléctricos, a tal descoberta de Thales de Mileto na Grécia Antiga – ver texto O Futuro é Eléctrico. Isto porque os seus preços também (ainda) não ajudam muito, face a outras propostas semelhantes, como as de modelos com motores híbridas, onde se conjugam motores térmicos (a gasolina ou diesel) com blocos eléctricos (do tipo ‘plug-in’ ou com extensores de autonomia), sistemas de GPL (gás de petróleo liquefeito) ou também a gás natural ou hidrogénio. 

Dado que o nível de emissões de todos eles é mais baixo do que os dos modelos com motores térmicos tradicionais (mas não nulo como o dos eléctricos), tal reflecte-se um pouco e positivamente no preço a pagar, pelo que estes segmentos de mercado têm registado subidas significativas na procura dos portugueses. Aliás, a sua oferta alarga-se nos catálogos de um número crescente de marcas, mas isto já é outra temática a que voltarei numa próxima edição. Até lá – se for caso disso – deixo os votos de umas Excelentes Férias, em segurança! 

Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve! 

José Pinheiro 

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