Depois de nascer, o bebé desenvolve diversas capacidades inatas que lhe permitem não só interagir com o mundo envolvente mas que são, também, facilitadoras da relação mãe (ou, leia-se, pessoa que presta os cuidados primários)-bebé. Uma das capacidades que o bebé normo-visual (porque sobre os bebés com cegueira teríamos de fazer uma outra reflexão) mais utiliza no início da sua vida é a visão. Assim, ao dirigir o seu olhar para o rosto da mãe, bebé e mãe comunicam afectivamente pois no rosto dela estarão reflectidos todos os seus sentires em relação ao seu bebé.
É neste banho de afectos, reflectidos pelo bom espelho que é a face da mãe, que o bebé se sente existir e se poderá sentir envolto num ambiente facilitador (calmo e seguro) para crescer, se desenvolver e explorar/relacionar com o mundo. Na verdade, serão todos estes ‘diálogos’ mãe-bebé que irão estar na base da estruturação do mundo interno (psico-emocional) da criança. Ou seja, a mãe ao traduzir adequadamente, dando sentido e tornando mais suportáveis os medos e angústias do seu bebé, vai por um lado organizar o seu interior psíquico e, por outro, dar sentido ao mundo que o rodeia. É, em última instância, como se ela pusésse à disposição do bebé também as suas capacidades psíquicas de modo a que ele se (re)organize e (re)encontre a estabilidade desejada.
A mãe funciona, assim, como um espelho mágico, que reflecte o amor e a capacidade de amar, reflecte a compreensão e a autonomia da criança, reflecte a ternura e a capacidade de dar, reflectindo, em última instância, a beleza do mundo.
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