Fim-de-Semana em Fiesta


Se há automóvel com que tenho uma relação estreita, de quase intimidade, é o Ford Fiesta. Acompanha-me quase desde que tirei a carta, comecei a conduzir e, mais tarde, a praticamente destruir um do meu pai, como resultado de uma curva mais desastrosa. Isto para além dos que me passaram pelas mãos, meu percurso profissional nesta área das rodas! Como se não chegasse, há já uns anitos que tenho um parado à porta que não me dá dores de cabeça, para além dos ‘investimentos’ relacionados com os seus quase 110.000 km! Quanto às ‘quincadas’, nesta altura já não me dou ao trabalho de as contar!





Assim sendo, ‘bute prá Fiesta neste Trendy Wheels, ou antes ‘pró’ Fiesta, já que a Ford me permitiu um contacto com a mais recente geração – a 6ª e meia (já explico!) – do modelo que, em 2016, completará 40 anos… quase tantos quantos os meus! Um Ford Fiesta 1.0 EcoBoost Titanium, novinho em folha – chegou-me ‘virgem’ às mãos, com uns míseros 16 km – pintado num quente e flamejante Race Red, acrescentado com uns vidros escurecidos e umas bonitas jantes de 16 polegadas. Vrooooooooummmmm…!

O ideal para dar nas vistas e para umas quantas voltinhas ao longo de todo um fim-de-semana, suficientes para me conquistar e a fazer contas à vida. Hummmm… trocava as 5 portas por uma bem mais desportiva versão Sport de 3 portas, que casam melhor com o visual ‘racing’, com aquela asa a sair da traseira! Ufffff… coisas de gajo mesmo! 

Sem olhar para a carteira e as idas à bomba, este motor a gasolina de 125 cv é fantástico, num estábulo mais do que suficiente para um pequenino ‘1.000’ turbo. Comedido a andar com ele ao colo e mais sedento em condução mais espirituosa, algo que este vermelhinho cheio de pica pedia a toda a hora. Se for fã dos diesel e de controlar as contas, também vai bem servido se optar por um menos guloso motor a gasóleo, como o 1.5 TDCi de ‘apenas’ 95 cv.



Enfim… novinho que este Fiesta era e sem conhecer nada deste mundo, levei-o a umas quantas voltas pela cidade, mostrei-lhe a beleza do campo e até dei um saltinho à praia! Recebia-me com um piscar de luzes e ajudava com toda a tecnologia a bordo – de segurança (MyKey, travagem activa em cidade, airbags), de ‘infotainment’ (que permite hoje levar telemóveis e outros ‘gadgets’ para dentro dos automóveis), de ajuda ao estacionamento (embora não o fizesse sozinho como o do anúncio, mas avisava…), Start-Stop (desliga e liga nas paragens e poupa combustível), EcoMode (a mudança ideal), Hill Assist (não descai em arranques em inclinação), etc, etc, etc… – sendo um fiel companheiro durante três dias.

O meu habitual Fiesta de 5ª geração roía-se com uma certa dose de inveja, mas também de orgulho face ao ver o que a família evoluiu em tão pouco tempo, num dos nomes mais conceituados da história automóvel! Um descendente que dava bastante nas vistas, não apenas pela cor e visual agressivo que faz virar cabeças no meio do trânsito, passeios e passadeiras, mas por ser muito despachado na caótica Lisboa. 

Coube em todo o lado e estava equipado a preceito. Não era uma “árvore de Natal” mas quase, pois para além do acima, acedia-se a bordo com a chave no bolso, iluminando-se para receber os convivas em tons suaves de branco (habitáculo), vermelho (pormenores no ‘tablier’ e consola entre os bancos) e azul (instrumentação, áudio e ar condicionado). Uma vez posto a trabalhar no botão de ‘start’, lá íamos nós à vida!




Porta-bagagens granjola para tudo o que foi preciso levar e o Fiesta EcoBoost apontou depois ao verde do campo, rumando às Salinas da Fonte da Bica, em Rio Maior, onde parou para um almoço de… Cozido à Portuguesa, pois claro! Para rebater um passeio em redor das ditas, infelizmente bastante vazias de sal, e para despedida nada melhor do que uma Ginja de Alcobaça, acompanhada(s) de um ímpar quanto delicioso Pastel de Ló. Uma criação da casa com o mesmo nome e que conjuga massa folhada com o fantástico creme e cobertura de um tradicional pão-de-ló. Algo a repetir logo, não só pelo doce em si como pela simpatia dos donos do pequenino mas agradável espaço, numa das muitas casinhas de madeira das salinas, em que nos receberam! 

Depois de ali fazer algumas das fotos desta peça, voltei à estrada da região, com passagem por Alcobertas, com visita ao Olho d'Água, nascente aberta da freguesia, visto como um oásis na região, com água abundante à superfície durante todo o ano, e também ao dólmen-capela adjacente à Igreja de Santa Maria Madalena, um raro exemplo de cristianização de um ancestral monumento megalítico. O Fiesta serpenteava pelas estradas da região, sentindo-se como peixe na água, antes de rumar a casa e preparar-se para o dia seguinte.




Um terceiro dia com a tarde passada à beira-mar, na Fonte da Telha, com o vermelhinho de olhar rasgado a brilhar ao sol, cativando o olhar de uns quantos que o espreitavam de perto. Peixinho escalado grelhado no ponto, com um Muralhas bem fresquinho a acompanhar, no início de uma tarde no Bambu Bar onde algum vento tentava estragar o conjunto. Já o cair da noite levou-nos até ao Mercado da Ribeira, um dos actuais ‘spots’ da capital, para um encontro com amigos recém-chegados da Suíça e que já não via há dois anos. Cheers!!! 

E eis-me de volta a casa, com a consequente devolução aos seus donos deste Ford Fiesta, herdeiro do modelo original de 1976. É o 6º descendente de uma longa linhagem – ou 6º e meio pois teve uma evolução intermédia em 2013 – sendo notável a metamorfose sofrida ao longo dos anos e que pode ser melhor percebida neste vídeo:



Algumas curiosidades sobre o Ford Fiesta: 
  • “Bobcat” era o nome do projecto que lhe deu origem 
  • o nome espanhol “Fiesta” surgiu pela sua fabricação, em Valência; 
  • deu-se a conhecer ao mundo em 1976, ano em que a British Airways e a Air France iniciaram as travessias do Atlântico com o supersónico Concorde; 
  • também nesse ano surgia uma jovem e inexperiente empresa, uma tal de Apple Computer;
  • se os primeiros Fiesta eram só feitos e vendidos na Europa, hoje é produzido e comercializado em todos os continentes;
  • se bem que ainda não hajam números definitivos – a Ford estará a preparar as comemorações dos 40 anos para 2016 – assumo que já tenham sido produzidos 20 milhões de Fiesta. Se estiver errado não deve ser por muito!
Quanto a este exemplar que me serviu de fio condutor ao Trendy Wheels de hoje, e para terminar uma história que já vai algo longa, ele custa cerca de 20.000 euros neste ‘pacote’ mais completo. São 18.020 euros (PVP sem despesas de transporte e legalização) de base, se chegar ao Concessionário Ford e comprar um Ford Fiesta 1.0 EcoBoost 125 Titanium 5p sem mais extras. 

Esta unidade tinha mais 1.850 euros dos tais extras que tornam algo que já é bom em verdadeiramente melhor. Entre eles, o grande destaque vai para o sistema Ford SYNC com App Link, que permite as tais ligações ao mundo virtual das ‘apps’ e a dispensa do telefone na orelha, situação que se apanhada pelas autoridades, diminui o pilim na carteira. Se no meu Fiesta o então bem mais limitado sistema Ford Connection funcionava bem e com comandos por voz já na língua de Camões, neste novo, com acesso aos conteúdos dos smartphones e afins nem vos conto! É simples, intuitivo e custa 610 euros, mas a Ford até tem uma campanha a decorrer até final de Junho em que oferece este equipamento.

Resumindo: se gosto do Ford Fiesta? Claro! Se comprava? Decididamente, mas mudar de carro é coisa que neste momento não dá. O meu de 2008 está aí para as curvas e dá para os gastos. Se aconselho a comprar um novo Fiesta? Sim, principalmente se conseguir fugir das cores sóbrias e escolher um Race Red como este, ou os novos Hot Magenta, Blue Candy, ou ainda o Molten Orange e Spirit Blue da versão mais desportiva ST (ver abaixo).

Fotos: Ford / José Pinheiro (Trendy Mind)



Por isso, considere dar um salto a um Concessionário Ford e quem sabe se um dia destes não terá um novo Ford Fiesta à porta de casa!

Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve!

José Pinheiro

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