Aventuras em Duas Rodas


Eis que finalmente chegou o bom tempo, num Verão que tão depressa aquece como arrefece, mas que nos faz acordar com outro espirito, com uma vontade de sair da cama para a rua, mesmo que seja para ir trabalhar. Se for este o caso, dado que os dias também são mais compridos, há um tempinho extra para pegar na sua “duas rodas sem motor” e ir dar ao pedal. Por isso, esta edição do Trendy Wheels é dedicada às bicicletas, incidindo em várias vertentes!




Meio de locomoção que resulta da união de “bi” (dois) com a palavra grega “kyklos” (roda), define-se de um modo mais simplista como um veículo de duas rodas montadas num quadro e movido pelo esforço do utilizador através dos pedais. É o meio de transporte mais utilizado no mundo, estimando-se em mais de 1.000 milhões os exemplares em circulação, quase metade deles na China. A produção mundial ascende a 100 milhões por ano, volume em que China e Índia mais contribuem! Acrescente-se que, naturalmente, na sua locomoção não há gases poluentes nem com efeito de estufa, atribuindo-se à dita o selo de “veículo zero emissões”. 

Feito este introito, vamos pedalar para Torres Vedras com as Agostinhas, sistema público de utilização de bicicletas da cidade, semelhante ao que também existe em inúmeros outros municípios. A particularidade destas é que acabam de conquistar o prémio Energy Globe Award 2015, o galardão ambiental mais prestigiado do mundo para projectos de âmbito regional, nacional e global que levem à preservação de recursos ou que utilizem fontes renováveis ou isentas de emissões.


De utilização gratuita – há apenas que pagar o cartão de registo – as “Agostinhas” (nome de homenagem a Joaquim Agostinho, pluri-Campeão de ciclismo dali originário) traduzem-se na solução de mobilidade por excelência desta cidade.
Baseado na plataforma web “Bicicard”, o sistema integra cerca de duas centenas de bicicletas convencionais e eléctricas, que podem ser levantadas e parqueadas em 11 estações distribuídas pela cidade, dotadas de quiosque de internet. Há uma interacção das bicicletas e dos utilizadores através de cartões de proximidade RFID, sendo as comunicações GPRS realizadas em tempo real. Nos primeiros 14 meses, 1.400 utilizadores registaram 20.000 saídas, percorrendo-se já mais de 100.000 km, numa estimativa de 14,5 toneladas de emissões de dióxido de carbono que não foi expelido para a atmosfera. 



Especiais são, também, os projectos lusos da MUD. Esta empresa de Ovar concebe bicicletas de modo quase artesanal, nomeadamente as que têm o quadro em madeira (também as há em aço), oferecendo uma experiência única de contacto e harmonia com a natureza. Podem ser complementadas com diversos acessórios, ficando os respectivos valores condicionados com os extras que se lhe coloquem, num exclusivismo que, naturalmente, tem o seu preço!

Substancialmente mais estranho é o projecto ELIP, da autoria de um engenheiro luso de 73 anos, já que as rodas da dita são… elípticas! Sim, leu bem, pois aqui não há círculos perfeitos, a rodar num eixo central fixo. Aqui elas têm um formato elíptico, que é compensado com um sistema de rotação colocado nos cubos das rodas. Observá-la em andamento é algo ‘perturbador’, quase pregando uma partida à nossa mente. Ou seja, primeiro estranha-se, depois… continua a estranhar-se!



Noutro contexto, destaco o conceito KEET, um trabalho académico luso que, se for tornada realidade a sua comercialização, facilitará a vida ao utilizador em deslocações mais extensas, ou quando o ciclista não pretenda esgotar-se fisicamente. Acrónimo de “Kit Electric Empowering Traction”, compõe-se de um kit eléctrico que é aplicado no quadro de qualquer bicicleta, em contacto directo com a roda traseira, transformando-a num modelo eléctrico.

Fotos: Agostinhas/CM Torres Vedras, MUD Cycles, KEET, Connected Cycles (Oficiais)


Igualmente em fase embrionária está o projecto francês Connected Cycle, que se traduz num pedal inteligente que avisa o proprietário da bicicleta caso a mesma seja roubada, permitindo a sua localização. O sistema conta com sensores GPS e GPRS, para que através de uma app para smartphones, se registe a actividade física do ciclista, guardando dados como velocidades, rotas ou calorias queimadas, entre outros dados. 

No extremo oposto e para fechar o tema, trago-lhe outra bicicleta a que se colocou um sistema de tracção com contornos significativamente diferentes. Se o conceito KEET permitiria que a mesma atingisse os 25 km/h, o exemplo seguinte leva-a aos… 333 km/h em apenas cinco segundos! Foi esta a velocidade máxima atingida pelo ciclista suíço François Gissi na sua tentativa de bater o recorde do mundo, que já lhe pertencia. E se bem o tentou, melhor o conseguiu, numa viagem que raia os limites da loucura! É caso para dizer “não tente fazer isto em casa”!



Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve!

José Pinheiro


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