Recém-Nascido aos 60 Anos


“D” e “S” são duas letras, uma no princípio do alfabeto, outra quase no seu final que, uma vez conjugadas, contam toda uma história de seis décadas em conjunto, mas que vivem agora uma segunda vida. Surgida em meados do século passado em Paris, a referência “DS” tornou-se icónica e indissociável da indústria automóvel francesa, num processo que em pleno Século XXI ganha toda uma nova dinâmica.




Não… não pretendo fazer uma recriação do desconcertante filme “O curioso caso de Benjamim Button”, em que Brad Pitt encarna um personagem que nasce velho, vê a sua vida evoluir no sentido contrário ao dos comuns mortais e morre bebé, nos braços da mulher que o amou toda a vida (Cate Blanchett intepreta esse papel). Falo de uma marca – a DS – que até há bem pouco tempo era parte da Citroën mas que agora ganhou asas e uma independência da sua progenitora. 

A renovada DS renasce este ano, com todo esse legado histórico, esperando-se que cresça e amadureça ainda mais pelos valores que defende e conteúdos que engloba, num mundo onde determinada parcela de clientes automóveis procura, cada vez mais, a distinção, a excelência e o factor premium. A DS não vai de modas e começa por cima, em grande, assente nessas premissas, tal como um bom vinho guardado em cascos de carvalho numa reputada adega e que uma vez aberto liberta toda a sua fragância, textura e sabor.



Há, naturalmente, todo um mundo de diferenças entre o DS 19 original apresentado em 1955 (num processo iniciado em 1938, em vésperas no início da 2ª Guerra Mundial), como automóvel destinado a clientes mais comuns, e os inerentes à marca DS de 2015, traduzida por uma gama que traduz a excelência do requinte e ‘savoir-faire’ francês, mas agora destinados a uma franja muito específica de compradores.

Pierre Boulanger apresentou o então “Projecto VGD” que seria desenvolvido por André Lefèbvre, um engenheiro de aeronáutica, Paul Magès, um engenheiro autodidata que criou a famosa suspensão hidropneumática, identificativa de tantos modelos da progenitora da DS, e ainda um… escultor e pintor de talento italiano, de seu nome Flaminio Bertoni, a quem cabe a responsabilidade do DS 19 de 1955. Venderam-se 80.000 unidades num espaço de apenas 10 dias do Salão de Paris daquele ano, num sucesso que depois abraçou todo o planeta, para se atingir um milhão e meio de unidades produzidas em 20 anos de vida útil. Algumas tiveram selo lusitano, saindo da Fábrica de Mangualde, país em que o povo lhe atribuiu o carinhoso ‘nick’ de “boca de sapo”, fruto de um visual que se assemelhava a essa espécie de anfíbio da ordem Anura.


Essa geração DS era imediatamente reconhecida pela tal suspensão bamboleante, que dava a um modelo com quase cinco metros de comprimento um ar dengoso e bonacheirão, bem como a roda traseira meia escondida pela chapa, os piscas traseiros redondos colocados no prolongamento das calhas do tejadilho, os faróis cujas luzes viravam nas curvas, o volante de um único raio, ou o painel de instrumentos simplista, entre outras características que o demarcaram do que então existia. Desenvolveu-se toda uma legião de fãs, hoje divididos por dezenas de associações espalhadas pelo planeta e que na terceira semana de Maio deste ano se concentraram no coração de Paris, no âmbito do evento “DS Week”, com nada menos do que 700 DS em desfile!


Hoje, 60 anos depois, o DS renasceu, não apenas como um único produto, mas como uma marca de ‘status’, plena de expressividade e afirmação, qual filho que abandona a casa dos pais para viver a sua própria existência, pretendendo chegar ao topo da hierarquia de Wall Street. Não esquecendo as suas raízes, a DS está a criar a sua própria imagem e a separar-se visualmente e corporativamente da sua mentora, mantendo apenas vivas as ligações de afinidade. É, por isso e a partir de agora, independente, reforçando a sua enorme ambição, de elevar e renovar o automóvel francês ao estatuto de topo de gama. A assinatura “DS Automobiles, Spirit of Avant-Garde” expressa esse estado de alma e objectivos.



A identidade da Marca aposta num novo visual, equipamentos tecnológicos, requinte e motorizações potentes e eficientes, tais como as apresentadas no novo DS 5, a actual berlina topo de gama da DS, em que se perpetuam os valores de inovação e distinção herdados do DS de 1955. Para além deste a DS conta com os modelos DS 3, DS 3 Cabrio e DS 4, tendo desenvolvido produtos para mercados específicos como o DS 5LS e DS 6, estes dois para já só à venda na… China! Conheça-os antes aqui, em Drive DS

Mas este recém-nascido já com 60 anos de vida promete não ficar por aqui, como o demonstram os seus mais recentes estudos de design “Numéro 9”, Wild Rubis” e “Divine DS”, para já protótipos de um futuro que se avizinha – e se aguarda – pleno de sucessos.

Fotos: DS (oficiais)


Para terminar deixo uma sugestão, para que se vá adaptando a esta nova realidade: quando/se for a um Concessionário Citroën – e apesar da actual baralhação que tal ainda pode provocar, pois a DS ainda vive na casa da mãe – e quiser um DS, peça isso mesmo, um DS. 

Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve! 

José Pinheiro 

Notas: 1) As opiniões acima expressas são minhas, decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes. Os restantes membros deste ‘blog’ não têm obrigatoriedade de partilhar dos mesmos pontos de vista; 2) Direitos reservados das entidades respectivas aos ‘links’ e imagens utilizados neste texto, conforme expresso.

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