PROFISSÃO SAUDÁVEL E AMBIENTAL


Eles palmilham quilómetros atrás de quilómetros, chova ou faça sol, enfrentando o trânsito, os cães e outros animais de casas, escritórios, prédios, condomínios e afins que, incansavelmente, visitam todos os dias. 

Conhecem as ruas das suas regiões como ninguém, entrosam-se com a população sempre com um agradável e sonoro “Bom Dia!”, acção tããããããããããão rara nos dias que correm, em que, maior parte das vezes, nem o fazemos ao nosso vizinho do lado, já que andamos a olhar para o nosso próprio umbigo.

Numa era em que o mundo virtual quase nos faz esquecer que somos de carne e osso, trazem-nos as boas e más notícias, escritas num postal tão ansiado ou na carta que contem palavras doces ou amargas, a encomenda que nos foi remetida as tão malfadadas contas ou avisos das Finanças e das autoridades de trânsito!


Falo-vos, claro está, do Carteiro, profissão que no nosso país remonta a 1520, ano em que o Rei D. Manuel I criou o primeiro serviço de correio público nacional, nomeando o também primeiro Correio Mor do Reino. Hoje, quase cinco séculos depois, a figura desta personagem presente no nosso dia-a-dia evoluiu significativamente, tal como a empresa a que, vulgarmente, nos referimos como CTT, também ela diferente das várias entidades que a antecederam, em denominação e objectivos.

“Mas… carteiro… rodas?! Hã?!” – estarão, nesta altura, a indagar, pensando que o abrasador sol que nos visita me queimou um qualquer fusível. Isso também, mais um, mas não interessa… A ponte entre as duas temáticas faz-se, naturalmente, porque alguns deles se deslocam em veículos, mais ou menos motorizados, enquanto outros fazem-no em propostas em que têm de dar ao pedal, por estradas e caminhos mais ou menos íngremes, de acessibilidade variável, naquela que deve ser uma das profissões mais saudáveis do mundo. Mas outros viram, recentemente, a sua vida tornar-se mais fácil, desde que a empresa decidiu investir em novos equipamentos, como as bicicletas eléctricas entretanto admitidas ao serviço.


São 150 bicicletas eléctricas para ser mais correcto, numa aposta ecológica no valor de 245.000 euros (felizmente que ainda há investimentos sustentados por estas bandas) daquela que é a 6ª melhor empresa postal do mundo em termos desempenho carbónico, fruto da sua já algo extensa frota amiga do ambiente. 122 destas ‘meninas cheias de genica’ circulam desde 28 de Maio último (as restantes estão de reserva, ‘just in case’), permitindo a outros tantos carteiros percorrerem os seus percursos diários de distribuição de correio, usando-as como viaturas de serviço.

Com elas e fruto dos estudos e testes levados a cabo antes do “OK para avançar”, a empresa refere que o conjunto daqueles profissionais irá fazer uma média diária de 1.400 quilómetros, representando uma poupança de 50 toneladas de CO2 por ano, para além de aumentar-se a eficiência da distribuição de correio e o conforto e segurança dos próprios carteiros.

Estas unidades “made in Portugal” foram concebidas pelo fabricante luso Órbita propositadamente para os CTT, com especificações extra face ao leque de propostas à venda ao público, contando com um sistema de descanso e um travão de parque, caixas de transporte específicas, com o eterno ‘logo’ do correio a cavalo, fazendo-se anunciar através de uma corneta! Pesam cerca de 25 kg, integrando um sistema de travões específico e um motor eléctrico de 250w/24v, alimentado por uma bateria de iões de lítio de 24v/10Ah, permitindo-lhes atingir uma velocidade de 25 km/h. 

Assim sendo, não se admire se as suas cartas começarem a chegar um pouco mais cedo a sua casa. E sim, cumprimente o seu carteiro com um também sonoro “Bom Dia!”, não só porque mandam as regras da boa educação, como pelo facto de eles não serem invisíveis… só são – a partir de agora – mais rápidos e mais amigos do ambiente.

Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve!

José Pinheiro

Notas: 1) As opiniões acima expressas são minhas, decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes. Os restantes membros deste ‘blog’ não têm obrigatoriedade de partilhar dos mesmos pontos de vista; 2) Direitos reservados das entidades respectivas aos ‘links’ e imagens utilizados neste texto, conforme expresso.

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