SCUT PARA QUE VOS QUERO!!!


Sou ou não um ‘mãos-largas’ com os fiéis leitores do blog Trendy Mind, nomeadamente os da secção Trendy Wheels? É que depois de na passada edição vos ter falado de postos de combustíveis ‘low cost’ e dado indicações sobre onde podem abastecer as vossas viaturas e, assim, poupar uns magros euros na factura ao final do mês, esta semana venho dizer-lhes como fugir às cada vez mais odiadas SCUT, originalmente alternativas de borla às auto-estradas a pagar, mas depois – buracos orçamentais ‘oblige’ – transfiguradas pelos nossos governantes, para ajudar a pagar a factura da enormíssima sequência de disparates do nosso país! Ou seja, mais do mesmo!

Bem, não sou bem eu quem vos vai dizer como contornar essas SCUT, mas sim o conceituado jornalista Rui Cardoso (editor da secção internacional do semanário ‘Expresso’ e editor executivo da revista mensal ‘Courrier Internacional’), ele que acaba de apresentar o livro “Pare, SCUT e Olhe”. Nele explica-se como minimizar os custos de circulação na nova geração de auto-estradas equipadas com portagens electrónicas, as mesmas que, inicialmente, nos foram ‘vendidas’ como sendo para viajar à borla, num bónus aos tão amados eleitores. Mas a posterior introdução de portagens (via pórticos automáticos) agravou de sobremaneira os custos de deslocação dos Portugueses, voltando a isolar o interior do país e a aumentar a poluição, os engarrafamentos e, consequentemente, os acidentes. 

 Depois do enorme ‘boom’ de auto-estradas que as diversas governações nos têm brindado (algumas delas até quase paralelas), usando e abusando do erário público – para o qual contribuímos com uma muito elevada carga de impostos, fielmente descontados todos os meses dos nossos ordenados e, mais tarde, nos IRS e afins – vimos surgir, a título de brinde à “nação valente”, algumas estradas alternativas, as ditas SCUT. “Uau!!! Fantástico!!!” clamámos todos em uníssono, contentinhos com tão vasta oferenda da qual nunca desconfiámos que tinha um enorme “V” de “volta”, nunca desconfiando que, um dia…  

Acrónimo para "Sem Custo para os Utilizadores", a expressão SCUT representava uma auto-estrada sem portagens, com custos suportados pelo Estado português e atribuídas – em construção e manutenção – a uma determinada concessionária. O conceito foi introduzido no nosso país em 1997, num governo socialista, mas seria com os sociais-democratas que surgia a primeira SCUT, a hoje A23. Duraria 14 anos o eldorado, pois o conceito foi, como se sabe, abolido em definitivo em 2011, depois dessa A23 – juntamente com a A22, A24 e A25 – passar a auto-estrada, um ano depois de deixarem de ser ‘livres’ a A4, A17, A28, A41 e A42.
  
Centenas de quilómetros de auto-estradas, até então gratuitas, passaram, então, a ser pagas, com tarifas substancialmente superiores à das outras vias com portagens físicas. Com ordenados substancialmente emagrecidos – ou simplesmente evaporados, nos casos mais extremos – os inconformados ‘tugas’ voltaram às antes mais abandonadas estradas secundárias, caindo o tráfego a pique nas AEs, com a consequente diminuição das receitas (ahhhhh… que surpresa!!!). Um tiro dado à toa pelos nossos iluminados governantes que, de uma vezada, dizimou uma catrefa de ‘melros’: o interior regrediu décadas, afectou-se negativamente o turismo e dificultou-se, de sobremaneira, as deslocações para o trabalho e de lazer. Mais ainda porque algumas dessas SCUT foram construídas em cima de outras estradas! Só vantagens, como se vê!

Pois, e “o que fazer perante este cenário?” – remete-nos, a pensar, o autor do agora apresentado livro “Pare, SCUT e Olhe”. É que, segundo o mesmo, é possível evitar ou minimizar os custos das novas portagens que nos atiraram para cima, caso o utilizador planeie, com algum tempo, os percursos a realizar entre dois ou mais pontos, seja nas deslocações para o trabalho, ou nas sempre ansiadas férias (venham elas!!!). Para o efeito, sugere-se um conjunto de rotas alternativas, conjugando uma utilização cirúrgica dos troços com portagens, conseguindo-se, sem grande perda de tempo, chegar onde é preciso, pagando pouco ou, mesmo, nada! Ah pois!!! Não sabiam, pois não?

Depois de ler este livro vai ter a sua vida substancialmente facilitada e uns euros extra na conta bancária (mesmo depois de investir os necessários 11 euros na sua aquisição). Da A23 à A25, do Grande Porto à Via do Infante, sem esquecer os restantes eixos viários, operou-se uma completa recolha de itinerários, acompanhados de mapas explicativos, que permitem aos automobilistas poupar dinheiro, viajar tranquilamente e (re)descobrir um Portugal que existe para além do betão e dos viadutos.
Este, decerto, muito apreciado livro está agora à venda nas lojas da FNAC, Bertrand e Corte Inglés e também nas superfícies comerciais do grupo Pão de Açúcar. Pode também ser encomendado através do Lifecooler, o portal de turismo e lazer mais visitado em Portugal, que apoia este lançamento.

Acrescente-se que a pesquisa de Rui Cardoso na área da divulgação científica e do turismo e lazer vai muito para além desta obra. Autor dos guias de viagem “Guia de Portugal”, “Guia das Cidades”, “Guia do Melhor de Portugal” e “Guia das mais Belas Viagens de Comboio”, publicados pelo jornal Expresso entre 1995 e 1999, é-o também de diversos outros livros, destacando-se “Portugal Passo a Passo – 20 Passeios a Pé, de Norte a Sul”, “Portugal, Palco do Euro 2004”, “Turismo Científico em Portugal, um Roteiro”, “Pelas Linhas da Nostalgia - Passeios a pé nas Linhas de Caminho de Ferro Abandonadas”, ou “Atalhos de Portugal”. 
 
Um conjunto de excelentes propostas de leitura para este Verão 2013 que, até ver, se apresentou em todo o seu esplendor. Aproveite-o, cultive-se e poupe uns tostões! É que nunca se sabe de onde vem o próximo tiro…

Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve!

José Pinheiro

Notas: 1) As opiniões acima expressas são minhas, decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes. Os restantes membros deste ‘blog’ não têm obrigatoriedade de partilhar dos mesmos pontos de vista; 2) Direitos reservados das entidades respectivas aos ‘links’ e imagens utilizados neste texto, conforme expresso.

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