Conforme referi na passada semana, na primeira abordagem desta temática, até parece um contra-senso que, num país banhado pelo sol, num povo que aposta no mais perfeito dos bronzeados, nos estejamos a tornar simultaneamente tão ‘branquelas’… em termos das cores dos automóveis que conduzimos.
Claro que há excepções, entre os que se mantêm fieis aos tons sóbrios tradicionais e os muito raros que gostam de se mostrar em todo o seu esplendor, conduzindo modelos de cores vivas e garridas, transparecendo o que lhes vai na alma. Partilham com o mundo a alegria dos amarelos, laranjas, vermelhos, verdes e azuis-claros e intermédios, mas são poucos, muito poucos, como demonstram os estudos dos especialistas.
Por exemplo, o relatório de 2012 da DuPont mostrava que há 12 meses o branco já se afirmava, sem dúvida, como a cor mais popular do planeta, com nada menos do que 23% dos automóveis vendidos, seguido do preto (21%) e do prateado (18%). Ou seja, o 8 e o 80 em termos visuais, relegando as cores primárias para fatias muito diminutas, todas elas abaixo dos 10% em termos de preferências.
Fonte: DuPont; Gráfico “Mundo”
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O branco, que não é mais do que a junção de todas as cores existentes à face da Terra, vista por alguns como a ausência dela, se nos referirmos a cores-pigmento, ou ainda a cor da luz, se falando em cores-luz. Ela reflecte todos os raios luminosos, não absorvendo nenhum deles e, por isso, surgindo como clareza máxima.
Voltando à sua aplicação nas rodas, a tendência estende-se aos continentes individualmente, com o branco e seus derivados – sólidos, brilhantes, metalizados ou pérola – a fortalecerem-se como o tom da moda. Era-o em 2012 (decerto o foi, ainda mais, em 2013) para os consumidores da Europa e América do Norte, reunindo 24% das preferências dos clientes aquando da compra, e também para a região da Ásia-Pacífico (22%), todas a transitarem das anteriores tendências pretas, pratas e cinzas preferidas no início da década anterior.
Fonte: DuPont; Gráficos: Europa, América do Norte e Ásia/Pacífico
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Apenas mercados emergentes, como a China, Brasil e Índia ainda não estão neste registo, mas já não falta muito, com uma forte aproximação do branco ao topo das respectivas tabelas. Noutros também já está bem à frente nas escolhas.
Fonte: DuPont; Gráficos: Brasil, China, Índia, México, Rússia e África
do Sul;
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Pelo nosso burgo parece não haver – oh que surpresa!!! – quaisquer estatísticas públicas, assumindo-se apenas pelo que se vê a rolar nas estradas uma forte tendência ‘escura’, com muitos pretos e cinzas/pratas. O mais fidedigno que existe para consulta é a tabela de preferências dos clientes de um construtor generalista, referente a 2010, e em que o preto era o preferido (27%), seguido do cinza (17%). O branco nem fazia parte da lista, estando apenas e só associado aos veículos comerciais.
Hoje decerto que já não será assim, não havendo marca que não aposte nesta tendência alva no seu catálogo, algo que se comprova cada vez mais pelas nossas estradas e parques de estacionamento, mesmo em construtores de luxo como a Audi, BMW ou Mercedes, ou mesmo em modelos superdesportivos da Aston Martin, Jaguar e Porsche.
Fotos: Oficiais e outras
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O próprio processo evolutivo de pintura automóvel (mal seria se assim não fosse…) para tal contribuiu, com a aplicação de primários, anti-corrosivos e cores por electrodeposição cataforética multi-camadas (eu sei… enormes palavrões!) com novas e atractivas tonalidades. Algumas até integram metais líquidos, cristais ou pérolas na sua composição, que fazem com que uma única cor transmita vários tons, consoante a incidência da luz. Ah pois é, mas esta extensão temática fica para uma próxima oportunidade!
Assim, se estiver a pensar comprar um popó novo, das duas uma: ou adere à actual tendência branca e estamos conversados, ou então considere uma cor verdadeira, daquelas que seja fácil de o encontrar no meio da multidão de cinzentões e brancos! Vai sentir-se muito mais feliz!
Mas, caso o faça, despache-se, pois outra moda está a emergir! É a das chamadas cores ‘mate’ (ou também fosco ou carbono), com uma forte aposta no preto e, para já, muito do agrado dos amantes do ‘tuning’! Um mundo em contínua evolução…
Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas: 1) As opiniões acima expressas são minhas, decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes. Os restantes membros deste ‘blog’ não têm obrigatoriedade de partilhar dos mesmos pontos de vista; 2) Direitos reservados das entidades respectivas aos ‘links’ e imagens utilizados neste texto, conforme expresso.
2 comentários:
Sou do contra, Apostava e queria branco quando não se via, agora venham outras cores que toda a gente tem branco. E nos salões?? até assusta tanto fantasminha. Vive la difference!
Ana ;)
Olá Ana. De facto, somos um 'bicho' de modas. Antes fazia a diferença, agora é mais do mesmo, "porque o vizinho tem, eu também tenho de ter". Pena que a tendência não seja mais para o colorido... Gostos!
Obrigado pelo comentário.
JP
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