Depois de uma loooooooooooooonga era em que os cinzentos, com grande incidência nos metalizados, reuniram as preferências da larga maioria dos consumidores de automóveis novos, que se seguiu a outra, nos primórdios do mesmo, em que o preto reinou, eis-nos chegados a uma fase em que, magia das magias, o “branco tornou-se no novo preto”.
Adeus, portanto, aos comentários do tipo “Branco? Mas tens um carro ou um frigorífico com rodas?” ou mesmo “Ui… já vi que foste comprar uma ambulância!” pois até mesmo os construtores de automóveis de luxo se renderam à moda alva.
A compra de um automóvel novo é, para a grande maioria, uma das maiores despesas do orçamento familiar, a seguir à da habitação. Por essa razão, os que ainda o podem fazer, para além das continhas aos tostões (ou cêntimos, para os mais puristas da ‘coisa’), olham com muita atenção não só para os conteúdos do investimento que os irá colocar sobre rodas no futuro próximo, como, naturalmente, para a parte estética, capítulo onde se inclui a cor.
Há automóveis de design fantástico, outros com linhas menos inspiradas, mas a decisão final deriva sempre do tão abrangente/divergente conceito de “beleza”, pois o que o é para uns pode não sê-lo para outros. Já a questão da cor parece ser algo mais consensual, pois há que seguir as tendências. É que 77% dos compradores de automóveis novos consideram-na um ponto obrigatório e cerca de um terço não abdica da cor que quer!
Quando Henry Ford lançou o Ford T em 1909, expressou-se com a famosa frase de que “qualquer cliente pode ter um automóvel pintado em qualquer cor, desde que seja em preto”. Pois… vai que na época foi (quase) tudo corrido a isso mesmo! Mas, ao contrário do que se pense, não foi obra do acaso, pois por um lado a tinta preta era mais barata e mais duradoura, mais fácil de aplicar, secava mais rapidamente, permitindo, assim, construir mais automóveis em menos tempo. Uma mera questão de olho para o negócio e para os números, algo em que este visionário era exímio!
Durante várias décadas aquela manteve-se como “a cor”, juntando-se-lhe gradualmente outras igualmente escuras como os azuis ou os cinzentos. Os tons mais vibrantes, de maior impacto visual (vermelho, amarelo ou azuis ‘racing’) ficavam para os automóveis desportivos, que ajudaram a colorir o parque automóvel circulante das várias décadas.
Depois veio a moda “cinzentona”, uma das ‘loucuras’ nacionais, em que quase tudo o que circulava sobre rodas tinha que ser cinzento, de preferência metalizado! Ainda hoje é bastante irritante chegar a um estacionamento e verificar que grande parte dos automóveis que ladeiam o nosso tem um dos milhentos tons de cinza existentes à face da Terra, maioritariamente metalizados.
Uma quase-regra que muitos profissionais do meio nos impingiam, com o estafado discurso de “um dia, quando quiser vendê-lo, vai ser muito difícil se escolher cores mais garridas…”! Pois é… ter modelos coloridos (no verdadeiro sentido da palavra) nos ‘stands’ era algo impensável! Muitos deles preferiam garantir, desde logo, o negócio, ‘despachando’ os cinzas/pretos/azuis escuros do ‘stock’. E, para não terem de esperar, os clientes iam na onda, saindo ao volante do seu popó novo, quais surfistas prateados!
Mas, eis que senão quando, evoluímos e passámos de ‘cinzentões’ a ‘branquelas’. Num país banhado pelo sol, de repente voltámo-nos todos para os tais e até ali “frigoríficos com rodas”. Bem… todos não porque ainda há quem continue a apostar nas ‘velhas’ cores tristes e sóbrias e poucos – muito poucos, mas já mais do que há uns anos – a comprarem automóveis em tons vivos, entre vermelhos, amarelos, azuis e verdes, ou suas combinações.
Uma tendência que se estende a todo o planeta, gradualmente, a ‘empalidecer’ a olhos vistos. Quer saber a actual moda das cores automóveis? Então não perca a 2ª parte deste artigo, na próxima edição do Trendy Wheels!
Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
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