Pelo Portugal (Des)conhecido


“Era uma vez…”. É assim que começa a grande maioria das histórias, como a que conto hoje, num conjunto de realidades vividas por um trio de aventureiros ao longo de milhares de quilómetros pelo nosso Portugal (des)conhecido, agora traduzido no livro “Volta a Portugal em 80 dias”. São eles João Ferreira Oliveira, Jorge Flores e Rui Pelejão, jornalistas profissionais com quem me cruzei várias vezes ao longo do meu passado (e presente) profissional.

Vestem aqui a pele de aventureiros, tal como Philleas Fogg e o seu fiel mordomo Passepartout o fizeram na conceituada obra do francês Jules Verne, mas se os personagens deste romance de aventura deram a volta ao mundo como paga de uma aposta de cavalheiros, a bordo de diferentes meios de transporte, o trio de quem lhe falo neste texto é de carne e osso e fê-lo de automóvel, num percurso por (quase) todos os recantos do nosso país.




Foram 80 dias, iniciados nos primeiros de Agosto, que se tornaram fantasticamente enriquecedores, vivendo-se, testemunhando-se e experimentando-se na pele sensações que, apesar de todas as expectativas, foram muito para além do esperado! Uma ‘roadtrip’ dos anos modernos, apenas e só por estradas secundárias, regionais e caminhos de que nem o diabo se lembraria de andar, que este trio, um dia, “entre um whisky conselheiro e outro desaconselhável”, decidiram fazer, como “parte do seu futuro conjunto, pela amizade, pela admiração mútua porque gostam de fazer algo diferente”. 

“Eh pá, giro era dar a Volta a Portugal em 80 dias” foi a ‘saída’ repentina do Rui uns meses antes do início da aventura, logo acompanhada por um brilhozinho nos olhos do próprio e dos restantes. Meteram mãos à obra e angariaram os apoios necessários para tão hercúlea tarefa, de percorrer os 12 distritos do continente (Açores e Madeira ficaram, para já, de fora por falta de verba). 

Em vésperas do seu início, era este o objectivo anunciado publicamente: “Apenas nos limitaremos a ir por aí, a contar histórias por quilómetros, a visitar, conversar e conhecer pessoas e a descobrir o nosso país, não como ele é, mas como nós o vemos. Porque um país, como uma cidade, como um sítio ou uma paisagem é apenas aquilo que as nossas emoções dele fazem. Uns dias deslumbrante, encantador e épico, outros, feio, lúgubre e triste. É por essa estrada que vamos, de janela aberta, livres e com tempo. Porque tempo e liberdade são dos bens mais raros do jornalismo e pequenos luxos a que nos podemos dar.”




Uma excelente perspectiva do que haveriam de ser estas 1.920 horas de viagem, divididas entre períodos de condução, de partilhas de histórias com os milhares de portugueses com quem se cruzaram. E estes 115.200 minutos sucederam-se a um ritmo frenético, resumidos e partilhados pelos próprios nas mais diversas plataformas, no seu próprio blog Grande Turismo, e no Instagram e que cresceu substancialmente com a ajuda do jornal Público e do programa Volante TV (da SIC Notícias), que levaram até ao grande público parte desta experiência, decerto, inesquecível. 

“Vimos muita coisa, visitamos muitas terras que nem sequer estão no mapa, algumas com quatro ou cinco habitantes, outras abandonadas. Julgo que demonstrámos que Portugal, um país pequeno, é ainda um país desconhecido para a maior parte das pessoas e penso que a melhor forma de o conhecer é por estradas nacionais, municipais ou até trilhos de terra batida”, comentou o Rui. Mas também se descobriram lugares, histórias e gentes que “não estão no mapa, nos guias turísticos, nos telejornais e muito menos no centro da preocupação dos políticos em Portugal”, explica o João, destacando “a região de Trás-os-Montes que, talvez por estar tão afastada dos grandes centros e de ser pouco povoada, oferece uma noção de escala do país completamente diferente. A imensidão da paisagem é impressionante.” Ao longo da viagem houve uma preocupação em recolher histórias de pessoas simples e anónimas, como complementa o Jorge: “Cada vida é uma história e se tivermos tempo e curiosidade em escutar as pessoas, vamos certamente ficar mais ricos. Nesta viagem conversámos e entrevistámos dezenas de pessoas, desde o barbeiro de estrada da Figueira da Foz, até ao pastor da Serra da Estrela, do intelectual algarvio até à velha fadista de Alcântara. Só por isso valeu a pena.”




Fazendo a ponte com outra obra literária de Alexandre Dumas, outro francês, se aqueles foram como que três mosqueteiros lusos nesta viagem de 80 dias, o papel de D’Artagnan coube a um Citroën C4 Cactus, o novo automóvel da marca francesa, grande companheiro de aventuras, onde aqueles passaram mais de 150 horas, ao volante, comendo e até dormindo. “Mais do que um carro foi o quarto mosqueteiro”, referem. 

Mas pronto, fico-me por aqui. Para além das imagens ilustrativas deste texto, deixo os três vídeos do Volante TV (Primeiro, Segundo e Terceiro) que resumem, em alguns minutos, os mais de 13.000 km percorridos, bem como – e principalmente – uma sugestão de última hora de para este Natal – se for um português típico decerto ainda terá algumas prendinhas em atraso! Por isso, compre o livro “Volta a Portugal em 80 Dias” a ser editado pela A23 Edições, uma obra tão ímpar para se oferecer como imprescindível para se ter aí em casa. Note-se que à altura que escrevo estas linhas o preço é ainda estimado (rondará os 18 euros) e estão por definir as livrarias onde o poderá comprar (espaços físicos e plataformas online).

Fotos: Grande Turismo e Citroën

Continuação de Boas Festas, com os habituais cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve! 

José Pinheiro 

Notas: 1) As opiniões acima expressas são minhas, decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes. Os restantes membros deste ‘blog’ não têm obrigatoriedade de partilhar dos mesmos pontos de vista; 2) Direitos reservados das entidades respectivas aos ‘links’ e imagens utilizados neste texto, conforme expresso.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá, já tinha tropeçado neste projecto destes 3 amigos e fiquei muito contente, por eles, mas por mim também que os possa ler.
Gostei do teu artigo, bjs e Bom Natal. Ana