"Treinar e não ter resultados. Onde estão as causas?"

Melhorar a condição física e contribuir um pouco para a saúde não implica, necessariamente, esforço desmedido. No entanto, um dos principais fatores que leva as pessoas a praticarem atividades físicas prende-se com a questão estética. Cada vez mais, o aspeto físico é valorizado e, quando assim é, fazer o mínimo possível não basta. Resultados visíveis requerem tempo, empenho e dedicação máxima!

Independentemente dos objetivos, quem visa conquistar resultados expressivos terá que conjugar um equilíbrio quase perfeito entre treino, alimentação e descanso. Como já fora mencionado várias vezes em artigos anteriores, o rigor e disciplina são elementos chave para o sucesso. Ainda assim, para o comum mortal, caracterizado pelo sedentarismo, tudo o que vá além da zona de conforto é sacrifício, obsessão ou inatingível. A má notícia para quem assim pensa é que a verdade é só uma:

A mudança nunca vem com o conforto


Embora seja mais fácil teorizar do que colocar em prática, não é necessária uma grande ciência para perceber o que é necessário para obter resultados. 

Então e aquelas pessoas que passam horas e horas a treinar? Por que razão não conseguem obter (mais) resultados? 

A verdade é que, por vezes, parece que fazer o "essencial" não basta, existindo vários fatores que assumem extrema importância nesse sentido. Alguns, de uma forma ou de outra, já foram abordados anteriormente. 

O organismo pode levar algum tempo a habituar-se mas acaba por se adaptar aos mais diversos estímulos (alimentação e treino). Se não existir a capacidade de os alterar periodicamente, o corpo estará permanentemente numa área de conforto onde não se verificará progresso e os níveis de regressão serão maiores, ao contrário do que as pessoas julgam. 

Assim, um dos pontos que surge em primeiro plano e é quase sempre responsabilizado como principal culpado é a genética. Quantas vezes já nos deparamos com pessoas com excesso de peso a lamentarem-se pelo facto de cumprirem um plano alimentar saudável e treinar e, mesmo assim, não conseguirem obter resultados? 

É preciso ter em conta o biótipo de cada sujeito e perceber se é um organismo endomorfo, ectomorfo ou mesomorfo. É do conhecimento geral que existem pessoas que vão ser magras por mais que comam e outras terão que ter cuidados redobrados pois têm tendência a engordar.


Apesar de considerar que a "genética", na maior parte dos casos, é sobrevalorizada, a verdade é que pode ter grande implicância sobre os resultados esperado. À semelhança do que acontece com outras patologias, se os antepassados familiares forem caracterizados pela obesidade, também as gerações futuras poderão padecer de problemas de excesso de peso. Não obstante à carga genética que se herda dos progenitores, grande parte dos especialistas considera que cerca de 85% da população apresenta pré-disposição para a obesidade. Nesse sentido, é possível modificar o corpo com exercício físico e uma alimentação bastante regrada, contrariando a tal genética. Caso contrário, 85% de nós seria obeso. Todavia, numa situação em que se verifique o desleixo ou abandono da disciplina (treino e alimentar), o mais certo será verificar-se uma regressão até ao ponto de partida, ou seja, excesso de peso. Não só se recupera o peso que havia perdido como ainda incorre o risco de incrementar mais alguns quilos extra. Como tal, é importante que se tenha consciente que é mais do que ter boa aparência física. É zelo pela saúde e bem-estar. 

Outro fator que pode servir de entrave aos resultados é o descanso. Durante o sono, o corpo recupera e estimula-se o metabolismo de gordura (principal fonte de energia do organismo em repouso). Ao dormir pouco, não é possível recuperar eficazmente dos treinos e esforços físicos a que se foi sujeito ao longo do dia. Consequentemente, perde-se rendimento, o que poderá atrasar os resultados a longo prazo. 

No que ao período de repouso em treino diz respeito, entre séries ou exercícios, se o objetivo for estimular o gasto calórico, estes deverão ser reduzidos (não menos que 30 segundos nem mais que 1 minuto). 

Em relação aos tipos de treino, são diversificadas as metodologias defendidas. Pessoalmente, é relevante conciliar exercício cardiovascular com musculação. Correr, andar de bicicleta ou nadar potenciam um maior gasto calórico, importante para quem precisa de perder peso. Contudo, somente trabalho cardiovascular não será recomendável (mas é melhor do que não fazer nada!). Apesar de serem atividades físicas que permitem um maior dispêndio calórico no momento, farão com que o metabolismo basal (calorias que são gastas em repouso) diminua a médio prazo. Assim, o trabalho levado a cabo na musculação é fundamental. Ajudará a manter/aumentar a massa magra e, consequentemente, a tornar o metabolismo basal mais eficiente. Ao melhorar os índices de massa muscular, também o sistema osteoarticular beneficia com isso. 

inda em relação ao treino, é relevante salientar que as reavaliações e modificação dos planos devem ser feitas periodicamente. Executar o mesmo treino por mais que dois meses, além de se tornar aborrecido, fará com que o organismo regrida pela ausência de estímulo. Embora permita à pessoa estar na zona de conforto, não é o que se pretende. Remete-se, novamente, para a imagem acima colocada! 

Por fim, surge aquela que, possivelmente, será a principal culpada de todos os insucessos. A ingestão calórica. É importante perceber que, para emagrecer, a quantidade de calorias consumida tem que ser menor que a que é gasta. Apesar das pessoas afirmarem que fazem escolhas saudáveis na cozinha, muitas vezes pecam pela quantidade. Ainda assim, se os resultados não surgem, poderá ser colocada em causa a qualidade seletiva dos alimentos. 

Quando o objetivo visa a perda de peso, quanto menos delitos alimentares forem cometidos, melhor. Como já fora referido em artigos anteriores, urge a importância de fazer várias refeições ao longo do dia, beber água, optar por alimentos não processados e de baixo índice glicémico, optar pelas proteínas e gorduras saudáveis e abdicar, na totalidade, de tudo aquilo que não faz bem (doces, fast food, refrigerantes). O ideal será mesmo consultar um Nutricionista com intuito de ser acompanhado e aconselhado quanto à seleção, quantidade e qualidade nutricional dos alimentos.

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