Doença Celíaca


Já ouviu alguém dizer “Não posso comer pão” ou “Não posso comer desse bolo” sem estar em dieta? Quase de certeza que já… Hoje vamos falar dessa mesma patologia, a doença celíaca. Esta patologia é de origem auto-imune, ou seja, as nossas células de defesa começam a produzir anticorpos e a combater contra os nossos próprios enterócitos (as células do intestino delgado). Neste contexto, esta reação é precipitada pela ingestão de alimentos com glúten. A sua prevalência é de 0,1 a 0,3 na população mundial e afeta mais frequentemente as mulheres. Tanto pode ocorrer em crianças como em adultos e está muitas vezes associada a alterações genéticas, nomeadamente à expressão de HLA-DQ2 e HLA-DQ8.

A doença celíaca pode ter sintomas gastrointestinais ou não-gastrointestinais. Os primeiros apresentam-se como diarreia crónica (o mais comum), perda de peso, anemia, distensão abdominal, baixa estatura (crianças), vómitos. Os segundos podem levar a anemia ferropénica (o ferro deixa de ser absorvido pelo intestino delgado), dermatite herpetiforme (rash cutâneo que surge essencialmente nos cotovelos, joelhos e nádegas), neuropatia periférica, deficiência de ácido fólico, redução da densidade óssea (a vitamina D e o cálcio deixam de ser absorvidos) e infertilidade. 

O diagnóstico pode ser feito através de análises e endoscopia acompanhada por biópsia. A biópsia deverá relevar alterações da mucosa intestinal com hiperplasia das criptas intestinais, presença de linfócitos intraepiteliais ou até mesmo atrofia completa das vilosidades. Há um risco aumentado de sofrer desta patologia em pessoas com familiares de 1º e 2º grau doentes (15%), no síndrome de Down (12%), na colite linfocítica (15-27%), na tiroide auto-imune (5%) e na diabetes tipo 1 (5-6%). O tratamento passa pela evicção total dos alimentos com glúten. A aveia é um alimento controverso no que diz respeito ao glúten já que alguns autores referem que não está presente mas outros contradizem. A verdade é que grande parte da aveia é cultivada e processada juntamente com o trigo e a cevada, exceto nos países nórdicos, pelo que, nestas circunstâncias, este alimento terá sempre algum glúten. Seria ótimo que este alimento pudesse ser introduzido para aumentar o aporte de tiamina, fibras e zinco nestes doentes. Em Portugal, a aveia não está autorizada na alimentação dos celíacos. De seguida, deixo-vos 2 imagens que tirarão as vossas dúvidas todas!





Sem comentários: