CENOURA ‘LOW COST’ PRÉ-FÉRIAS



Aí está – finalmente!!! – o astro-rei cheio de vitalidade, quentinho q. b. para nos animar os finais de tarde, fins-de-semana e, para quem ainda as tiver, as cada vez mais desejadas férias de Verão. Cerca de 10 milhões e meio de portugueses e estrangeiros (de acordo com o Census 2013) que vivem neste rectângulo à beira mar plantado, ou nas autónomas regiões dos Açores e Madeira, essas bem plantadas no meio do Atlântico, ansiavam mais que nunca por esta época em que praticamente nada acontece, pois o Portugal vai (quase) todo a banhos!



Não importa se o desemprego atinge patamares irreais, se a indústria automóvel (tal como a do vestuário, a da restauração, a do retalho e a de centenas de outras actividades económicas previstas nos relatórios do INE) passa por problemas sem precedentes, com concessionários a fechar portas, outros a reduzir estruturas, despedindo funcionários ou atrasando o pagamento dos ordenados, as oficinas clamam por clientes, os fornecedores estão em falências técnicas, os carros amontoam-se nos depósitos, sem compradores da outrora financeiramente estável classe média, agora mais voltada para os produtos ‘low cost’ ou de marca branca dos supermercados, até estes com prateleiras que já viram melhores dias em termos de reposição.

Até Setembro vamos, assim, andar anestesiados com este nunca antes tão desejado Verão, mesmo que do tipo “toca-e-foge”, em que as temperaturas sobem e descem mais depressa do que a Troika nos visita! Só à entrada do último quadrimestre do ano é que os nossos governantes irão voltar ao serviço com os seus bronzeados invejáveis, para discutir e impor-nos mais um conjunto de medidas destinadas a cumprir com um défice que também ninguém parece saber controlar. 











E pronto… a título de benfeitoria à populaça e para me integrar no tema das rodas – é uma chatice quando começo com devaneios de escrita – eis que em vésperas de fecharem a AR para limpezas e arejamentos, os decisores dos nossos trágicos destinos lembraram-se de nos acenar com uma última cenoura. Para o efeito, deu entrada no Parlamento um anteprojecto legislativo, com vista à obrigatoriedade de existirem combustíveis de baixo custo na maioria dos postos de abastecimentos e não só nas já existentes estruturas 100% ‘low cost’.

Fantástico! Ao fim de meses de constante sobe e desce dos preços dos combustíveis e também de discussão sobre a pretensa falta de qualidade dos ditos na versão ‘low cost’ (recorde-se o estudo realizado, em tempos, pela DECO Proteste – a igualaolitro – em que provou ser irrisória a diferença entre os combustíveis ‘premium’, aditivados das grandes gasolineiras, e os de baixo custo, sem aqueles componentes adicionais, vendidos em vários distribuidores ‘low cost’, quer nos consumos, quer na performance das viaturas), afinal parece que a montanha pariu um rato e a coisa até é possível, havendo indicações de que tudo terá de estar esclarecido e entrar em vigor até final do ano!


Ou seja, o que já se pratica em alguns postos de vários supermercados nacionais, irá passar – assim que o dito anteprojecto for finalmente aprovado e tornar-se lei – a existir nos postos com determinadas características da Galp, BP, Shell, Repsol e demais grandes distribuidores presentes no território continental, nos Açores e na Madeira.

Até lá (leia-se “em véspera das tais férias-que-estão-mesmo-aí-à-porta”), a Secretaria de Estado da Energia pretende que os deputados se debrucem sobre a matéria e contribuam com sugestões e propostas de melhoria ao documento. Até ver, portanto, quando é que o tema anda definitivamente para a frente, pois como o próprio organismo oficial alerta, já o Orçamento do Estado para 2013 abrangia este anteprojecto do decreto-lei, antecipando que “as instalações de abastecimento de combustíveis líquidos e gasosos derivados do petróleo, designados por postos de abastecimento de combustíveis, devem assegurar aos consumidores a possibilidade de livre escolha das gamas de combustíveis líquidos mais económicos, nomeadamente os não aditivados”, vulgo ‘low cost’. Ou seja, já se fala disto há bué, só que… sim… pois… enfim!

Entretanto alerte-se para a catadupa de excepções e ‘ses’ e afins que irão obrigar a que uns instalem os depósitos, enquanto outros ficarão dispensados de o fazer, caso implementem promoções de preços significativas que beneficiem a generalidade dos clientes. Ou seja, lá vamos nós continuar a andar com pontos nos cartões ou talões do tipo “carregue-aqui-e-desconte-ali” e outras soluções mais ou menos imaginativas que as gasolineiras ‘oficiais’ encontraram junto de algumas grandes superfícies comerciais para se baterem de (quase) igual com as que fazem descontos de pronto pagamento. Não é esta última solução muito mais fácil para o consumidor?

Parece que as gasolineiras têm um prazo de três meses para se adaptarem às novas regras, mas vamos “ver para crer”, como diz S. Tomé! Ou seja, o melhor mesmo é continuarmos a ir às bombas ‘low cost’ nas nossas viaturas, aproveitando as de descontos imediatos, mesmo que saibamos que estamos a pagar esse desconto na factura do supermercado! Mas isto “são outros 500”!

Ah sim, quase me esquecia… é o que dá pôr-me a escrever prosas a horas um tanto ou quanto impróprias! Para os que não souberem e que vão ou não de férias, há um portal na internet que permite identificar os postos de combustíveis nacionais com os valores mais em conta. Chama-se Mais Gasolina e permite identificar quem pratica os preços mais e menos baixos, compará-los, aceder a listagens por concelhos e activar as tão em voga Apps para Androids, iPhones e afins. Claro que algumas bombas não ficam ali ao virar da esquina, mas sempre dá para poupar uns cêntimos para pastilhas… ‘low cost’, claro!



Férias? Sim, posso considerar-me como um sortudo neste campo! O primeiro lote passou num fósforo, pelo que espero ansiosamente pela segunda vaga. Afinal, também me vou juntar ao País que vai a banhos em versão ‘low cost’, muito mesmo, para a grande maioria…!

Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve!

José Pinheiro

Notas: 1) As opiniões acima expressas são minhas, decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes. Os restantes membros deste ‘blog’ não têm obrigatoriedade de partilhar dos mesmos pontos de vista; 2) Direitos reservados das entidades respectivas aos ‘links’ e imagens utilizados neste texto, conforme expresso.



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