UM HERÓI FORA DO TEMPO


Era uma vez… o Sado 550. Não é uma qualquer referência ao rio português de cerca de 180 km de extensão que nasce na Serra da Vigia e cujo estuário banha Setúbal, mas sim ao único automóvel português criado, desenvolvido e produzido em série no nosso país. Com o singular comprimento de 2,36 metros, ele surgiu há cerca de 30 anos, muitos antes da febre dos actuais micro-carros, mais modernos e sofisticados e que custam os olhos da cara! Isto já para não falar do Smart, também ele de dimensões compactas e que é o sucesso comercial que todos conhecemos.



A história deste pequeno veículo ‘made in Portugal’ está patente no livro “Sado/550 – O Microcarro português”, da autoria de Teófilo Tito Santos e que acabou de ser lançado no mercado, ele próprio detentor de uma das poucas unidades que ainda circulam, das originais 272 fabricadas. Um número interessante para a nossa inexistente indústria automóvel, palco onde nunca demos cartas, apesar de os seus criadores terem sonhado com voos maiores para o seu rebento. 

Apesar do conceito único, desenvolvido num período em que Portugal acabara de ser intervencionado pelas altas instâncias financeiras internacionais (faz-me lembrar qualquer coisa este pequeno detalhe…), o pequenino ‘tuga’ não teve o sucesso esperado, pois muitos viam-no como um carro desenhado por uma criança. Outros nem o consideravam como carro, quanto mais! 

Como estavam errados! Não sendo uma invenção do outro mundo, estava, também, bem longe de ser um brinquedo, não envergonhando ninguém no meio do trânsito, mostrando-se um automóvel extremamente útil. As suas dimensões hipercompactas – os tais 2,36 metros de comprimento, capacidade para duas pessoas e espaço para pouco mais do que uma mala de viagem – permitiam que se arrumasse como hoje se estacionam os Smart e os actuais micro-carros, na perpendicular aos restantes. O pequenino motor que o equipava e o reduzido peso do conjunto permitia-lhe ter consumos baixinhos para a altura, mesmo com uma genica suficiente para evoluir no meio do trânsito citadino e até para encarar uma metrópole como Lisboa e as suas sete colinas. 

Custava, na altura, algo como 260 contos, ou seja, 1.300 euros numa conversão pura e simples, sem contar com a evolução económico-financeira que nos levou do saudoso escudo para (agora) mais do que problemático euro!

Fotos: Smart Aixam, Bellier, Chatenet, Grecav, Ligier, Microcar e Simpa Jdm


Hoje, 30 anos depois, temos os Smart Fortwo, equipados com os pequenos motores da Mercedes e com valores que oscilam entre os 9.900 e os 22.900 euros, ou os micro-carros a que me referi há alguns meses no texto do “VOU FAZER 18 ANOS… E AGORA?”, numa vasta oferta no mercado nacional de inúmeras marcas estrangeiras – Aixam, Bellier, Chatenet, Grecav, Ligier, Microcar e Simpa Jdm – que são vendidas por representantes nacionais, via importação ou no mercado dos usados. Os preços também variam de entre 2 000 euros até algumas 15 a 20 000 ‘biscas’! Vai lá vai! 

Voltando ao livro “Sado/550 – O Microcarro Português”, ele foi editado pelo Museu do Caramulo, estando à venda, por exemplo, na FNAC por 15 euros! Corra e reserve um! É que a primeira edição é limitada e numerada de 272 exemplares, propositadamente o mesmo número de unidades produzidas do modelo. Caso queira saber mais, visite o blog do Sado 550

Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve! 

José Pinheiro 


Notas: 1) As opiniões acima expressas são minhas, decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes. Os restantes membros deste ‘blog’ não têm obrigatoriedade de partilhar dos mesmos pontos de vista; 2) Direitos reservados das entidades respectivas aos ‘links’ e imagens utilizados neste texto, conforme expresso.


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