Estou certo de que a famosa
expressão “crescei e multiplicai-vos…” não serviu de inspiração na indústria
automóvel, mas, se eventualmente o tivesse sido, a marca que melhor estaria a
aplicar esta citação do livro Génesis (o primeiro da Bíblia Cristã e também da ‘equivalente’
Hebraica) seria a Mini. Isto porque não só fez crescer – e muito!!! – o Mini
original, como transformou o outrora (quase) singular modelo britânico numa
gama que conta já com oito variantes na actual geração do Século XXI.
O sucesso do pequeno Mini de 1959
expressa-se nos quase 5,4 milhões de unidades vendidas até 2000, ano em que se produziu
a última da ‘velha guarda’. Desenhado pelo grego Alec Issigonis, mais tarde
“Sir” por inerência do grau de Cavaleiro com que foi ordenado no Reino Unido, o
pequeno citadino fez as delícias dos consumidores da altura, evoluindo apenas o
essencial para se manter actual, numa mão cheia de versões de carroçaria.
Independentemente do ‘traje’, é hoje uma verdadeira peça de colecção, amado
pelos que têm um exemplar na garagem, havendo – felizmente – ainda tantos em
circulação!
Entretanto absorvida pelo Grupo
BMW, a marca Mini renasceu maior, em tamanho e abrangência, para ir à luta com
armas iguais com a reinterpretação de outros ícones surgidos no final do Século
XX. Primeiro surgiu o Mini ‘convencional’ com que se arrebatam corações, vindo depois
o Cabrio, a carrinha Clubman, e, como resultado das auscultações ao mercado da
marca (agora com mistura de sangue alemão), as variantes inéditas Countryman,
Coupé, Roadster e Paceman, a última versão lançada até à data. Se a tudo isto
somarmos a Clubvan (um veículo comercial com linhas e conteúdos mais elitistas),
as versões All4 (de tracção integral e capacidades fora do vulgar para um Mini)
e os hiper-vitaminados John Cooper Works (com muitos cavalos e um ‘look’
assumidamente ‘racing’), temos uma gama com bem mais de meia centena de
propostas!
Mas foi a VW quem, em 1997, abriu
esta guerra saudosista, ao trazer para o final do Século XX outro portento da
indústria automóvel, o VW Beetle. Mas, ao contrário do Mini, o carinhoso ‘Bug’
(a nível internacional) ou ‘Carocha’ (entre nós) não gerou muitos outros derivativos
de carroçaria, mantendo-se quase fiel ao design do modelo original, criado em 1938
na Alemanha, no início da 2ª Guerra Mundial, e produzido até 2003, ultrapassando
as 21 milhões de unidades produzidas. À excepção dos conteúdos tecnológicos
decorrentes da evolução automóvel, o ‘Carocha’ apenas teria uma variante
descapotável, para além da berlina.
O mesmo acontece no modelo
actualmente em comercialização, que já vai na sua 2ª geração, apenas composto pelo
modelo de base e pelo agora denominado Beetle Cabrio, propostas que fazem as
delícias de um público maioritariamente feminino.
Um mesmo tipo de público que,
mais a sul e a partir de 2007, se viu conquistado de alma e coração pelas
linhas italianas de outro automóvel do século passado, o Fiat 500. Mais de três
décadas depois do último 500 original (este produzido de 1957 e 1975), o novo ‘Cinquecento’
é hoje outro sucesso entre os amantes da diferenciação, dos compradores modelos
icónicos, também crescendo e multiplicando-se, não tanto como o Mini é certo, mas
substancialmente mais do que o VW.
Neste domínio, o construtor
italiano recriou a versão cabriolet – o 500C – depois os ‘apimentados’ e
desportivos Abarth, com motores cheios de alma, e, mais recentemente, uma
variante mais insuflada, denominada 500L, com características muito
específicas, mais viradas para a vertente familiar. Adicionalmente, o modelo já
deu também origem a inúmeras recriações e séries especiais, como a ‘Ferrari
Tribute’, ou pela ligação à moda italiana, através de um ‘Gucci’ de
coleccionador, ou mesmo uma dedicada à… Barbie!
Prova de que este saudosismo para
com ícones de outras eras está a ser um sucesso à escala mundial, apesar da
actual crise que assola a Europa e da qual os restantes continentes ainda
recuperam, outros construtores estão a pensar dar um segundo fôlego aos seus
modelos de sucesso de outrora: a Citroën está a estudar um modo de fazer renascer
o saudoso 2CV, a Honda estará a analisar o melhor modo de recuperar a sigla 600
e a Renault poderá vir a recriar o R5!
Fotos: Oficiais e Outras |
Fica prometido que voltarei a pegar no tema caso estes últimos apareçam pelas nossas estradas! Até lá, apreciem – e comprem, caso o possam fazer… – estas segundas vidas que foram dadas a alguns dos automóveis mais emblemáticos do Mundo. Quem sabe se não se tornarão em peças de colecção à entrada do Século XXII!
Cumprimentos distribuídos irmãmente e até breve!
José Pinheiro
Notas: 1) As opiniões acima expressas são minhas, decorrentes da experiência no sector e de pesquisa de várias fontes. Os restantes membros deste ‘blog’ não têm obrigatoriedade de partilhar dos mesmos pontos de vista; 2) Direitos reservados das entidades respectivas aos ‘links’ e imagens utilizados neste texto, conforme expresso.
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