O Inverno, as Temperaturas Baixas e o Nosso Corpo


Chegando o Inverno e as temperaturas baixas, o corpo recente-se e, em muitos casos, o flagelo das dores osteo-articulares é tal que as pessoas vêem-se obrigadas a recorrer a ajuda médica para conseguir contornar o desconforto que sentem (não só pela componente dolorosa mas também por ser incapacitante). A fragilidade do organismo ou lesões mal curadas fazem parte das principais causas que motivam esse mau-estar. No entanto, a verdade é que, em muitas ocasiões, somos os principais responsáveis pois sujeitamos o corpo a factores de risco, negligenciado atitudes preventivas que são do conhecimento geral.

Todos sabem da importância da prevenção mas a maior parte descura-a por completo no quotidiano. É tão natural como inconsciente. Contudo, é de qualidade de vida que se fala quando o principal objectivo é conseguir ser saudável até sermos "avós". Enquanto se está no auge da juventude, o corpo tolera a maior parte do stress a que é sujeito mas determinadas regiões podem começar a ressentir-se ainda em idades precoces. Assim, incorre-se o risco de desenvolver processos patológicos bem mais complexos do que seria de esperar nestas idades. 

Existem factores determinantes que ditam parte da saúde do nosso organismo. Exemplos disso são a idade, a não prática de exercício físico e postura incorrecta. Infelizmente, quanto à idade, pouco ou nada se pode fazer a não ser ter alguns cuidados. É um processo natural a que qualquer ser vivo está sujeito. No que ao sedentarismo e a má postura diz respeito, facilmente se pode converter esse cenário em algo favorável bastando apenas investir algum tempo e esforço numa reeducação exemplar. Praticar exercício físico regularmente comporta benefícios a vários níveis, como já se sabe. E, ao contrário do que se pensa, não é necessário sofrer em treinos longos e bastante intensos para se conseguir melhorar a condição física e, consequentemente, contribuir para uma melhoria da saúde corporal e mental. 



Cada 1€ gasto em exercício físico na juventude, são 3€ poupados em saúde na velhice

Não obstante à prática de actividade física e ao factor biológico inerente ao envelhecimento, muitas vezes é na má postura que reside a principal lacuna que contribui para situações que possam colocar em risco a nossa estrutura músculo-esquelética. Quantas vezes, seja em casa, na rua ou no ginásio, não se observam pessoas a levantarem grandes cargas sem qualquer tipo de cuidado? Obviamente, mais tarde ou mais cedo, a estrutura que nos suporta cede e acabará por não resistir às elevadas pressões que se colocam sobre ela. Normalmente, quem "paga a fatura" é a coluna. 

Levantar cargas demasiado pesadas a partir do chão, movimentos cíclicos ou passar demasiado tempo sentado contribui para a degradação da saúde da coluna vertebral. Sabiam que é quando estamos sentados que a gravidade exerce mais força sobre a coluna? Não havendo preocupação em adoptar uma postura correta, estamos a contribuir para uma atitude hipercifótica. Até surgirem dores na coluna é um pequeno passo e é a região lombar que mais sofre. É sobre a coluna lombar que assenta a grande parte do peso corporal e onde reside a maior quantidade de movimento. 

Consegue-se compreender o quão desconfortável e "perigoso" é trabalhar 8 horas do dia sentado? 

O peso corporal excessivo é, também, um excelente contributo para esforços redobrados por parte da coluna vertebral. Ergue-se, mais uma vez, a importância de manter um peso saudável e níveis de massa muscular razoáveis. Uma estrutura músculo-esquelética reforçada permite uma distribuição proporcional da carga por todos os segmentos que estruturam o nosso organismo (músculos, ligamentos, tendões, ossos, articulações). 

Será que começamos a perceber onde estamos a falhar?

Para que se tenha uma noção, as doenças degenerativas da coluna representam a maior parte das patologias que obrigam as pessoas, em idade laboral, a abdicar da vida profissional motivadas pela incapacidade física. Como é possível constatar, os dados não são referentes a populações idosas onde estes casos são mais comuns. É importante começar a olhar pela saúde o quanto antes pois a vida é uma maratona, não um sprint e nós ainda estamos longe da meta!

Entre as principais patologias, destacam-se as hérnias discais, escoliose e espondilartrose

Como no treino e na alimentação, também manter uma boa postura exige esforço, disciplina e educação. É pertinente ter sempre presente a importância de manter os alinhamentos correctos do corpo: em pé, sentado, deitado, ao levantar cargas, deslocar, etc. Assim, além de melhorar a saúde da coluna, contribui-se, de forma activa, para uma prevenção eficaz visando a minimização de factores de risco e incidência de lesões.

O que podemos fazer para melhorar a saúde da nossa coluna vertebral?

  • Aulas como Pilates, Yoga ou Body Balance são um excelente contributo. Além de serem relaxantes, incidem o treino sobre músculos posturais;
  • Ao sentar, apoiar bem as costas (formar um ângulo de 90º entre o tronco e as pernas);
  • Para quem trabalha com o computador, colocar o monitor quase ao nível dos olhos. Ajuda a evitar a flexão do tronco à frente ("corcunda");
  • Fazer uma pausa de x em x tempo, levantar da cadeira e espreguiçar. A coluna agradece;
  • Usar uma bola suiça em vez da cadeira. Além de ser mais confortável para manter as costas direitas, obriga a que os músculos estabilizadores estejam sempre contraídos;
  • A caminhar em plano ou a subir escadas, evitar inclinar o tronco à frente; 
  • Em pé, manter coluna erecta com peito aberto, ombros para trás e abdominal contraído;
  • Dividir a carga em partes iguais pelos dois braços;
  • Ao levantar cargas a partir do chão, dobrar as pernas em vez das costas;
  • Peso corporal saudável;
  • O frio não ajuda mas não o culpem!

Não se esqueçam! O que parece confortável para o corpo, pode ser prejudicial para a coluna!

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